A edição de 2024 da revista Time Out elegeu a Rua Arnaldo Quintela, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, como a oitava mais “cool” (legal) do mundo. A edição britânica conta que antigas oficinas mecânicas tornaram-se lugares aconchegantes, um ponto de encontro de amigos que apresenta mais de 30 opções entre bares, botecos e restaurantes.
O guia publicado pela revista indica a rua como um ponto de Bar Crawl, ou Baratona, que na nossa língua significa a boa e típica excursão a pé entre grupos passando pelos diversos bares do região. Isso porque o tour cruza as fronteiras da Arnaldo Quintela e chega às ruas próximas, como a General Polidoro, Álvaro Ramos, Fernando Guimarães e Paulo Barreto.
E pensar que tudo começou com o Caverna, e suas cervejas artesanais e sanduíches caprichadíssimos — não por acaso, nascido numa antiga oficina mecânica. Depois, veio a Liga dos Botecos e ninguém segurou mais. O Caverna mudou de lugar e hoje funciona dentro do Culto, do visionário Pedrinho Aliperti.
Para a administradora Monique Novaes, de 34 anos, o motivo que levou uma rua do Rio de Janeiro a estar no top 10 das mais descoladas do mundo é a receptividade e criatividade do carioca, além da variedade de cardápios e gostos nos estabelecimentos dali: “Você pode ir de bar em bar, experimentando sabores, musicalidade com muita diversificação, e claro, com a simpatia carioca”.
O criador de conteúdo digital Bruno Azevedo destaca a variedade de opções oferecidas no Bota Soho “São tantas que fica difícil curtir o barrio em apenas uma noite (risos)”. Ele conta que seu estabelecimento favorito é o Treme-Treme: “O buteco é simples, com preços em conta e um ambiente bem agradável. Tenho o Treme-Treme como minha segunda casa e indico a todos que venham conhecer a região”.
O bairro de Botafogo tem atraído novos estabelecimentos gastronômicos e um público boêmio. Não por acaso, o quarteirão onde está localizado a Arnaldo Quintela vem ganhando apelidos como “Baixo Bota” e “BotaSoho” (em referência ao Soho, bairro boêmio de Nova York).
A diversidade dos estabelecimentos passa pela gastronomia italiana do Sult; nordestina do Kalango; as opções de frutos do mar do Polvo Bar e do Que Peixe Mar e Fogo; os petiscos de boteco do Botero, de Thiago Freitas e Bruno Magalhães; e do Botica, de Cezar Cavaliere; e chega ao samba do Mãe Joana, o hip-hop do Macuna e o jazz das quintas-feiras do Encarnado e do Quartinho. E ainda tem o churrasquinho da esquina — que na Arnaldo Quintela é batizado de Parrilla Florencio, e ficou famoso ao ser indicado nas redes sociais do cantor e exímio conhecedor de bares Gabriel da Muda.
O Treme-Treme enche as calçadas com clientes que querem degustar o sabor de um boteco “raiz”. Ali perto, o Bar Tero representa uma opção mais requintada, com sua decoração de ares mediterrâneos e o menu e suas bebidas a base de Vermute.
Entre música e gastronomia, as tribos urbanas encontram-se representadas na diversidade de points do Bota Soho. O Calma representa um ponto de encontro do público LGBTQIA+. O rock’n’roll é a especialidade do Culto e do Bar Bukowski, que oferece ao cliente um menu inspirado em grandes astros do rock’n’roll, como Janis Joplin e Rita Lee.
Gabriela, uma das três sócias do Calma, conta que o fervo do estabelecimento (e da própria rua) surgiu no pós-pandemia. “Fomos um dos primeiros, foi muito desproposital, surgindo como um encontro de amigos para tomar cerveja”, lembra ela, que resume o bar como “um local alternativo, de música, drinks e paquera”.
Os horários dos estabelecimentos variam, alguns costumam ir até a madrugada aos fins de semana, como o Mãe Joana, que fecha às 1h e o Treme-Treme, que encerra às 4h. Mas, nesse quesito, nenhum bate o Cabidinho. O boteco é conhecido por funcionar 24h por dia.
O ranking elegeu a High Street, em Melbourne, na Austrália, como o primeiro lugar. No pódio também estão a Hollywood Road, em Hong Kong; e a East Eleventh, em Austin, Texas (Estados Unidos). Confira o ranking completo aqui.