A política do Rio parou para assistir, presencialmente ou ao vivo pelas redes sociais, ao julgamento da década no Tribunal Regional Eleitoral (TRE)., na tarde desta sexta-feira (17) de sol. A turma governista, com um frio na barriga. A oposição, com um fio de esperança.
Uma questão de inflexão
Depois de quase dormir durante a monótona sustentação da acusação — tanto a cargo da procuradora regional eleitoral Neide Mara Cavalcanti Cardoso, quanto do advogado da coligação “A vida vai melhorar “, representando o ex-candidato Marcelo Freixo — a turma só foi acordar com os advogados de defesa.
Sem dúvida, a banca foi mais articulada e, quem diria, animada. Em especial, o advogado Eduardo Damian, pelo lado do governador Cláudio Castro.
Ou seja, esqueça tudo o que se aprendeu nas séries gringas especializadas em julgamentos. Por aqui, a acusação não empolgou. Para a sorte dos opositores, não havia jurado, e os desembargadores já chegam numa sessão importante como essa com opinião formada. A sustentação oral não convence ninguém.
Desinteresse
A Justiça Eleitoral estava decidindo se cassa ou não toda a cúpula político-administrativa do Estado do Rio — com uma só tacada, poderiam ir pela caçapa o governador Cláudio Castro; o vice, Thiago Pampolha; e o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar. Mas o assunto não entrou nos “trending topics” brasileiros do X, ou o antigo Twitter. O nome de Castro só apareceu entre os mais comentados lá pelo meio do julgamento, mas num modesto sexto lugar. E mesmo assim, só no Rio.
Das duas, uma. Ou o carioca tem mais o que fazer; ou já se acostumou a ver os governos e a classe política indo ladeira abaixo. Nos dois casos, uma pena.
Pamplona, Pampulha, Pampolha
Até a procuradora regional eleitoral Neide Mara Cavalcanti Cardoso e o relator, Peterson Barroso Simão, erraram o nome do vice-governador do Rio. Talvez Thiago Pampolha não devesse se preocupar. Os dois disseream pretender apear do cargo um tal de Pamplona. Se alguém souber de quem se trata, é melhor alertar que o moço está na mira da Justiça Eleitoral.
Na seca
O relator, desembargador Peterson Barroso Simão, leu o seu voto por mais de duas horas. Num texto recheado de frases de efeito — e tudo num fôlego só.
A coluna tem muita admiração (e uma certa invejinha também) de quem consegue manter o tom, sem errar, com ênfase, durante todo esse tempo. E sem beber. Nem água!
Soninho
Apesar de o voto do relator ser para lá de interessante, os demais desembargadores disfarçavam, se viravam e quase se espreguiçavam durante a leitura do texto. Os olhos pesaram, mas ninguém deu o mole de ser flagrado num cochilo. Nem durante a longa exibição de uma reportagem de TV.
Toda a nossa solidariedade.
E a chanchada política no Rio segue seu roteiro imoral.
O desembargador veio preparado: doido pra aparecer no RJTV. Faltou só fechar a fala dele falando ”é com você, Fachel”.