O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovou, nesta quarta-feira (26), o tombamento definitivo do prédio que abrigou o antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), no Centro do Rio. A decisão transforma o imóvel — marcado por episódios de violência durante a ditadura militar — em patrimônio histórico federal.
Construído em 1910, o prédio funcionou por décadas como sede de órgãos policiais. Entre 1962 e 1975, foi base do Dops no Rio, se tornando um dos principais espaços de repressão política do país. Hoje, é reconhecido como um lugar de memória ligado às violações de direitos humanos.
Segundo o presidente do Iphan, Leandro Grass, o tombamento é uma forma de preservar a memória das vítimas do período:
“Este ato homenageia aqueles que foram torturados, perseguidos, mortos ou desaparecidos por lutarem pela liberdade”, disse.
A expectativa de movimentos sociais e do Ministério Público Federal é que o local dê origem a um centro de memória e direitos humanos, aberto ao público.
Prédio histórico estava abandonado há 15 anos
Além do significado político, o imóvel é um dos principais exemplos da arquitetura eclética da Belle Époque carioca, com fachada ornamentada, vitrais, balaustradas e uma cúpula que marca a esquina do prédio. O espaço também chegou a guardar o Acervo Nosso Sagrado, conjunto de objetos de religiões de matriz africana confiscados em operações policiais no início do século 20.
O imóvel está desocupado desde 2011, quando foi considerado em risco por danos estruturais causados por obras vizinhas. Apesar disso, a Polícia Civil afirma que segue colaborando na preservação do acervo existente.
Com o tombamento, o prédio passa a ter sua integridade protegida, e qualquer intervenção dependerá de autorização do Iphan.

