Na última semana, uma ação popular na justiça, de moradores do entorno do Aeroporto de Maricá, na Região Metropolitana do Rio, chamou atenção para dois pontos distintos. Uma área residencial vê um antigo aeroporto se modernizar e incrementar, ano a ano, seu movimento, mas agora precisa conviver com o crescimento do barulho e do trânsito inerentes à atividade.
Diante dos ambiciosos planos da prefeitura para a estrutura, a paisagem naquela área, no Centro da cidade, deverá passar por sensíveis modificações nos próximos anos.
Segundo a Prefeitura de Maricá, somando as operações offshore com o programa Voa Maricá, o aeroporto teve um crescimento de 376% de passageiros no ano passado, em relação a 2023. Em 2024, foram quase 110 mil pessoas viajando pelo Aeroporto de Maricá, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar). No ano anterior, foram 23 mil passageiros.
O professor Filipe Ungaro, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), fez uma análise sobre o contexto envolvendo o aeroporto e seu entorno. Ele explicou que a Região Metropolitana possui seis aeroportos, sendo o de Maricá o único deles fora da capital.
“Tem três aeroportos que são comerciais: Santos Dumont, Jacarepaguá, que é um pouco menor, e o Galeão, que é o segundo maior do Brasil em importância internacional de volume de passageiros transportados. Tem também duas bases aéreas: aeroporto do Campo dos Afonsos e o de Santa Cruz. Todos esses cinco são na cidade do Rio. O único que não é na capital é o aeroporto de Maricá”, explicou.
Dessa forma, Maricá representa a chamada região Leste Fluminense, que engloba também cidades como Niterói e São Gonçalo. Embora haja uma proximidade grande com aeroportos comerciais e de passageiros que são bastante equipados, sobretudo Santos Dumont e o Galeão, o Aeroporto de Maricá dá suporte à atividade de óleo e gás do estado.
“Esse aeroporto pode se capacitar como hub aéreo comercial regional para, além do apoio das atividades de óleo e gás, ter uma viabilidade comercial e técnica. Então, a ideia é ter um aeroporto estratégico, o que é sempre vantajoso”, sublinhou Ungaro.
Entorno o Aeroporto de Maricá precisará se equipar
O especialista pontuou que isso vai demandar da região colégios técnicos, universidades, hospitais preparados para ocorrências e todo um sistema de apoio logístico das próprias indústrias que fazem comércio com esse aeroporto, gerando desenvolvimento local e também regional. Porem, se trata de um equipamento que tem muitos impactos ambientais e sociais.
“A gente sabe que, além dos impactos atmosféricos, da emissão de gases, o impacto sonoro, a poluição sonora é uma das principais causas de estresse dos habitantes que moram ao redor de qualquer aeroporto. Então, isso precisa ser muito bem analisado e mitigado sempre que possível”, ressaltou.
Outra questão importante é o espaço. Ungaro destacou que existe uma limitação muito clara, geomorfológica, da Serra do Camburi e também do mar. Além disso, o aeroporto já tem uma outra limitação de expansão pela própria mancha urbana e pela Lagoa de Araçatiba. Para o professor, uma solução mais viável para minimizar os impactos seria uma restrição do horário de operação e também do porte das aeronaves.
“A gente tem exemplos no Brasil de muito sucesso e os dois principais mais representativos são o Santos Dumont, aqui no Rio, e Congonhas, em São Paulo, que têm um contexto similar, mas um pouco mais complexo, porque os dois estão muito inseridos dentro da malha urbana, de bairros muito densos, então o impacto é muito grande para uma quantidade muito grande de pessoas”, comentou.
Mobilidade urbana do entorno do aeroporto
O acesso atual nesse aeroporto é feito por vias locais e estreitas, que não são equipadas para receber um quantitativo muito grande de passageiros e de cargas. Assim, a primeira necessidade que surge seria conectar o aeroporto com vias mais expressas e maiores que permitem esse fluxo, como, por exemplo, a Rodovia Amaral Peixoto (RJ-106).
“Essas obras elas precisam se estender por todo o Centro da cidade, que já necessita de obras de melhoria de fluxo e você tem que adicionar esse fluxo do aeroporto, que viria com essa melhoria, sem prejudicar o já complicado trânsito. Então, na verdade, você tem que promover as melhorias no sistema para acomodar um quantitativo superior de passageiros e cargas sem atrapalhar o fluxo viário”, prosseguiu.
Possíveis desapropriações
O professor também analisou sobre possíveis dificuldades que o município poderá encontrar caso precise fazer desapropriações para expandir o aeroporto e executar obras em seu entorno. Ungaro salientou que, por se tratar de uma região central da cidade, aquela localidade é valorizada, muito urbanizada e qualquer desapropriação naquele entorno imediato vai ser muito custosa.
“A ideia da desapropriação, caso ela ocorra, tem que prever um ressarcimento justo com o valor desses imóveis para os afetados para que eles consigam se realocar em imóveis similares, com as mesmas qualidades, as virtualidades de localização e acesso desses imóveis que seriam desapropriados para essa expansão”, frisou o professor.
Ação popular na justiça
Uma ação popular, em andamento na 7ª Vara Federal de Niterói, pede a suspensão da operação e do funcionamento das ampliações do Aeroporto de Maricá, na Região Metropolitana do Rio, pertencente à União, mas com exploração delegada desde 2013 ao município. O processo trata sobre impactos na vizinhança e contesta licenças ambientais concedidas para as obras.
De acordo com a petição, em meados de 2023, a Codemar iniciou uma grande obra de expansão das suas operações com a construção do pátio de aeronaves número 3 e que adicionaria 13 vagas para helicópteros, avançando em direção à área residencial, com diversas moradias unifamiliares.
A ação argumenta que os pátios 1 e 2, os únicos até então, ficam distantes da área residencial e operando com sete vagas. Assim, na nova estrutura, diversos helicópteros de grande porte passaram a ser estacionados próximo das casas. O processo também salienta que houve expressivo aumento do ruído aeronáutico.
Está difícil tenho casa em .marica e tudo que está na reportagem tem efeito sem contar que os helicópteros enormes estão sobrevoando áreas residenciais nas aproximações e decolagens Está um verdadeiro rebuliço visual e sonoro isso precisa ser levado em conta
Engraçado é uma pessoa comprar uma casa ou terreno do lado de um aeroporto e esperar que ele não cresça ou que não tenha barulho. A prefeitura tem que desapropriar e se livrar do problema.
O pior são os caminhões cheios de pedras grandes que passam na rua Alberto Santos Dumont, que por sinal e de paralelepípedos e cheio de buracos, o barulho e ensurdecedor .
Todos dias começa às 5:30 da manhã!
O pior são os caminhões cheios de pedras grandes que passam na rua Alberto Santos Dumont, que por sinal e de paralelepípedos e cheio de buracos, o barulho e ensurdecedor .
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