Fazer da adversidade uma forma de motivação, superar barreiras e inspirar pessoas a fazer o mesmo. Da interiorana cidade de Santo Antônio de Pádua, no Noroeste Fluminense, surge a história da corredora amadora e influenciadora digital Thaís Matos, que recusou esmorecer ao precisar usar uma bolsa de estomia permanentemente devido à Doença de Crohn.
Hoje, Thaís, que também é advogada, atravessa o Brasil disputando corridas na categoria para pessoas com deficiência (PCDs). Em suas redes sociais, ela compartilha seu dia a dia de treinos e competições, já acumulando 32,7 mil seguidores no Instagram (@eu.thaismatos). Ela conta que encontrou na atividade física uma forma para superar os efeitos da doença.
“Eu não era atleta antes da bolsa de estomia. Sou portadora da Doença de Crohn desde 2007. Ela tem vários níveis e, no meu caso, é muito grave. Já passei por seis cirurgias e me tornei estomizada em definitivo em 2020. Até então, eu não conseguia fazer muitos movimentos, praticar atividades físicas. Comecei com a musculação em 2023, após minha quarta operação”, explicou.
Thaís conta que um dos seus principais objetivos ao compartilhar sua rotina é mostrar que a bolsa não é um obstáculo, muito pelo contrário. No caso dela, afirma que possibilitou melhora na qualidade de vida de modo a poder executar atividades que antes não conseguia.
“A bolsa me proporciona muito mais qualidade de vida do que antes. Fiquei 15 anos sem pedalar e a bolsa me possibilitou voltar”, complementou.
Vlog dos treinos
No primeiro semestre de 2024, houve a grande virada de chave. Em abril, ela se inscreveu para uma prova de 5 km, realizada em junho. Então, Thaís decidiu postar em suas redes sociais a rotina de 60 dias de treinamento para a competição.
“Ano passado estava doida para voltar à musculação, após três meses internada. Tinha uma prova de 5 km aqui no interior do Rio e resolvi me inscrever. Nunca tinha sequer caminhado, era só academia. Comecei a fazer um vlog de todos os meus treinos. Eu ria, chorava. Meu objetivo inicial era correr 5 km sem parar. Quando a prova chegou, me diverti muito”, concluiu.
A partir dali, Thaís pegou o jeito da coisa e colocou as corridas em sua rotina. Ao todo, foram 12 provas disputadas até o final do ano passado, sendo um dos destaques o terceiro lugar alcançado numa etapa em Copacabana, no Rio de Janeiro, pela categoria PCD feminino.
“De junho a novembro, foram 12 provas. Comecei a viajar para vários lugares. Corri meus primeiros 10 km na Meia Maratona Internacional do Rio, em agosto. Descobri que existia a categoria PCD, então das 12 provas peguei sete pódios”, orgulhou-se.
Motivação e sonhos
A corredora enfatizou o amor em compartilhar sua história. Thaís contou que recebe feedbacks de estomizados por todo o Brasil. Acrescenta que um dos focos é mostrar que a bolsa não é um fim, mas um recomeço. E ela não pretende parar por aí.
“Quero me tornar meia maratonista e concluir os 21 km. Até hoje só competi até 10 km e espero muito que isso aconteça na Maratona do Rio, em junho, maior evento de corrida da América Latina. Já estou inscrita em três provas para este ano. Meu maior sonho é conseguir uma medalha de corrida em cada estado do Brasil”, destacou.
Além das corridas, Thaís gosta de praticar outras atividades como, por exemplo, saltar de parapente. Ela percorre vários cantos do país, viajando sozinha de avião. A atleta completa afirmando que tem o desejo de ministrar palestras e escrever um livro sobre sua trajetória.
“Gosto de superar desafios, de aventuras. Não quero só sobreviver como foi em 2023 e só viver já não é mais suficiente. Quero ‘superviver’. Quando é algo é muito difícil, é lá que eu vou, com muita fé. Meu maior desejo é que Deus me dê saúde para seguir com essa vida”, concluiu.