Caro leitor, vamos encarar a verdade: muita gente que estará neste sábado histórico, 4 de maio de 2024, na Praia de Copacabana, não vai chegar nem perto de ver a Madonna em carne e osso. Nem mesmo pelos telões. Sabendo disso, muitos bares das redondezas estão se preparando para receber um volume igual ou até maior de clientes do que estão acostumados nas concorridas noites de réveillon.
A Adega Pérola, o botequim mais famoso do bairro, certamente será um deles. Pelo perfil da casa, o contingente de fãs de meia idade da Madonna que vão à Copacabana mas vão “não ver” o show lá nas mesas do Pérola tende a ser imenso. É o que atestam os donos da casa, Marcelo Paulos, Heitor Linhares e Ricardo Martins, o trio low-profile de ex-clientes que há 15 anos compraram o bar em franca decadência – e que estava prestes a se converter em mais um Belmonte – para honrarem a história da casa, darem um banho de qualidade na cozinha e colocarem a Adega definitivamente no hall da fama da melhor gastronomia popular brasileira.
Se você for um dos milhares de cariocas e turistas que certamentre vai se frustrar no show da Madonna, nem pense duas vezes. Corra logo para a Adega, antes que ali também vire um insondável formigueiro. Mas tenha certeza: no melhor balcão de acepipes de terra e mar do Rio de Janeiro, tem muita coisa que vai fazer você preferir mil vezes estar ali do que se espremendo por horas na areia fria, bebendo cerveja quente, sem poder se mexer e nem mesmo pensar em usar um banheiro.
Assim como a Madonna, o balcão da Adega Pérola atrai flashes do mundo inteiro. “Se fôssemos cobrar pra tirarem foto da nossa comida, estávamos ricos”, brinca Marcelo, o mais jovem dos três sócios, porém o mais experiente nos paranauês botequeiros. Nascido e criado na cozinha de um botequim, Marcelo foi dono do extinto Cevada, na Praça Serzedelo Corrêa, o bar onde o craque Júnior manteve por décadas uma famosa roda de samba. Na Adega, o empresário é o responsável pela qualidade da bancada refrigerada que oferece nada menos que 56 qualidades de petiscos frios, muitos deles fruto de anos de experimentos, que geraram receitas exclusivas, adoradas e ostensivamente copiadas.
Se à Adega Pérola viesse, fugindo do caos que a espera em seu próprio show, Madonna também iria se deleitar com algumais opções coloridas daquela bancada, que aliás foi inaugurada um ano antes da diva nascer, em 1957. A começar pelo atum defumado – uma das novidades da casa – marinado numa pletora de ingredientes secretos cujo resultado final, palavra de honra, não fica nada a dever ao Blue FInn, o “melhor atum do mundo” que a cantora comeu no michelado Mee, do Copcabana Palace. Se “pinxado” numa fatia fresca de pão francês com uma bolinha de bursin de cabra do Capril Deville (outro segredo da casa que eu acabo de revelar), então… É pra comer “like a prayer”.