Não é de hoje que a família Delaroli tem lugar quentinho na política do Rio.
Mas a chegada do vice-presidente Guilherme Delaroli (PL) ao comando da Assembleia Legislativa acendeu todos os refletores na direção de Itaboraí, na Região Metropolitana. Guilherme assumiu interinamente a presidência em consequência da prisão e, depois, do afastamento, de Rodrigo Bacellar (União).
Figura discreta até duas semanas atrás, o presidente em exercício da Assembleia era mais conhecido como o irmão do ex-deputado federal e prefeito de Itaboraí no segundo mandato, Marcelo Delaroli; e como pai de João, o vereador mais votado da cidade — e presidente da Câmara.
“Com Marcelo Delaroli, tivemos a maior vitória em um município com mais de 200 mil habitantes na disputa PL x PT. Marcelo foi reeleito com 93,79% e é, certamente, uma das estrelas mais promissoras da política no Rio e no Brasil. Para ele, o céu é o limite”, diz Bruno Bonetti, presidente municipal do PL, o partido da família toda. “E Guilherme é o deputado mais votado da história de Itaboraí, um tocador de obras nato”, completa, todo orgulhoso.
É bom matricular os desavisados: Itaboraí é mais que uma cidade conhecida por um complexo petroquímico inacabado e pela venda de cerâmica a caminho da Região dos Lagos.
Ao lado de São Gonçalo, o terceiro maior colégio eleitoral do estado comandado pelo prefeito Capitão Nelson, é cidade-chave no eixo de poder desenhado pelo presidente estadual do PL, Altineu Côrtes, no Leste Fluminense.
Guilherme Delaroli poderia nem ter votado na sessão que liberou Bacellar, mas não fugiu da raia
Com a reviravolta na Alerj, o “cara simples, xucro e da roça”, como ele se definiu em entrevista ao jornal “O Globo”, teve que sair da toca. Militar da reserva da PM, responsável pelas obras no primeiro mandato do irmão como prefeito de Itaboraí, Guilherme Delaroli não se escondeu na hora de se posicionar sobre o caso Bacellar.
Como estava na condução da sessão, não precisava votar.
Mas cravou o sim à revogação da prisão.
E, com o coleguinha solto e em casa — mas de tornozeleira eletrônica e longe da presidência — tomou as rédeas que lhe são de direito. E já avisou que vai nomear a sua equipe nos postos-chave, como no disputado cargo de diretor-geral da casa.
Os órfãos do Largo da Carioca
Ainda sob efeito do choque, os aliados do agora afastado presidente Bacellar tentam se reorganizar para não perder poder na Assembleia. O homem foi liberado na última terça-feira (09) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), depois de o plenário ter aprovado a revogação da prisão.
Daí que Bacellar está livre. Mas não muito.
Tem de usar tornozeleira eletrônica, não pode sair de casa à noite e nos fins de semana. Aconselhado por seus advogados, o presidente afastado deve ficar quieto, longe de qualquer articulação política.
O que não falta é órfão no Largo da Carioca.

