Cenário da novela “Avenida Brasil” como a Casa do Tufão, a Cabana do Pescador, em Cabo Frio, escapou do risco de ser demolida, mas sofre com a degradação pela falta de uso. Para proteger o patrimônio tombado, a guia de turismo ecológica Deisirreé dos Anjos está mobilizando um abaixo-assinado para que o espaço volte a abrigar um restaurante.
O objetivo é levar duas mil assinaturas à Prefeitura de Cabo Frio e ao Ministério Público Federal para sensibilizar e ter autorização para manter a tradição gastronômica da Cabana do Pescador, que nasceu como um ponto de apoio para pescadores em 1940, transformando-a numa referência cultural.
“As atividades estão paradas por ordem do órgão fiscalizador, mas, como herdeira, estou mobilizando para ajudar a manter a tradição. A cabana era renda de muitas famílias. Só queremos voltar a trabalhar. O planejamento é bom, a cabana não vai ser só um restaurante de frutos do mar, queremos fazer exposições da própria história”, conta Deisirreé dos Anjos, que é filha de Jamil dos Anjos, o antigo proprietário que ficou conhecido como o “Tufão de Cabo Frio”, que morreu em 2014.
Ela conta que a preservação da cabana tem sido viabilizada pelos proprietários, que vão ao local diariamente desde a notificação de fechamento. “Não houve vandalismo, mas o medo é constante”, diz Deisirreé, que reforça a sustentabilidade da proposta para a cabana. “Temos um projeto de tratamento de esgoto e luz solar. É 100% sustentável”, frisou a herdeira.
Bem tombado
A Cabana do Pescador, que fica entre as praias das Conchas e do Peró, foi tombada no ano passado por interesse histórico, arquitetônico e cultural do Estado do Rio de Janeiro através de projeto de lei dos deputados Gustavo Tutuca e Dr. Serginho.
Com o tombamento, escapou da demolição dos quiosques da Praia das Conchas, que ocorreu por determinação do MPF. A decisão da Justiça Federal argumentava que os imóveis ocupam, ilegalmente, bem de uso comum do povo e terreno de marinha. Ainda há quatro quiosques de pé, três deles em funcionamento através de liminar.
A lei tornando o bem um patrimônio do estado foi sancionada depois de apelos de moradores, ambientalistas, historiadores e turistas, que ficaram surpresos com a possibilidade de demolição.
Em 2012, o local, que não tem energia elétrica, ficou famoso em todo o país depois de ser usado como cenário para gravações da novela Avenida Brasil. Na trama, o espaço era usado como a casa de praia do personagem Tufão, vivido pelo ator Murilo Benício.