Uma das praias mais movimentadas no verão, conhecida pela grande concentração de quiosques e pelo maior polo de canoas havaianas do Brasil, Charitas ficou de fora das audiências públicas do Projeto Orla — iniciativa da Prefeitura de Niterói que busca o planejamento sustentável das praias da cidade — e também do Dia Mundial de Limpeza de Praias, que acontece neste sábado.
A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Niterói informou que, em 8 de agosto de 2017, a prefeitura assinou o Termo de Adesão à Gestão das Praias (TAGP), no qual a União passa a administração das praias para o município. Antes, elas eram de responsabilidade da Secretaria de Patrimônio da União.
Nesse termo, válido pelo prazo de 20 anos, ficou estabelecido que as praias da orla do município passariam ao controle da Prefeitura de Niterói, com exceção de Charitas — a pedido, na época, do próprio governo federal. A praia segue gerida pela União e, por isso, não foi possível incluí-la nas oficinas do Projeto Orla.
A prefeitura informou que, desde que assumiu a nova gestão, em janeiro, o prefeito Rodrigo Neves (PDT) está em diálogo com a presidência da República e propôs a municipalização também da Praia de Charitas.
Moradores e proprietários de quiosques de Charitas querem debater os problemas da praia
A primeira etapa do Projeto Orla contemplou as praias da Baía de Guanabara, como Centro, Gragoatá, Boa Viagem, Icaraí e São Francisco.
Moradores e proprietários de quiosques de Charitas, a mais extensa da região, chegaram a comparecer às reuniões no Clube Central, mas saíram sem oportunidade de debater os problemas locais. Para complicar, ainda há um processo judicial movido pelo Ministério Público Federal (MPF), que pede a regularização ou demolição dos 25 quiosques da praia.
“Vamos solicitar uma reunião com o secretário-executivo da prefeitura, Felipe Peixoto. O processo judicial não pode ser usado como desculpa para deixar a praia sem ordem e sem limpeza”, lamentou Vinícius Amorim, da União de Síndicos de Charitas (USC).
Charitas também ficará fora do World Cleanup Day — e é a única praia de Niterói excluída da ação global. Enquanto isso, a vizinha São Francisco participou das oficinas do Projeto Orla e reivindicou melhorias. Marinice Gonçalves, representante do bairro, chamou a atenção para os dois canais que despejam esgoto na Baía de Guanabara:
“Estes canais lançam lixo e esgoto na praia, tornando-a imprópria para banho. A instalação de ecobarreiras poderia ajudar a reter os detritos antes que cheguem ao mar, melhorando a balneabilidade e protegendo a vida marinha”, defendeu.