O deputado Rodrigo Bacellar (União) foi o primeiro a assumir a palavra na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), nesta terça-feira (9), para defender o seu pacote de enfrentamento ao crime (PEC-RJ). A proposta, que reúne uma série de medidas voltadas ao fortalecimento da segurança pública no estado, está pautada para discussão única e em regime de urgência.
Ele justificou que o pacote representa uma resposta legislativa ao aumento da violência e também procurou desfazer o mal-estar causado por ter anunciado a proposta no mesmo dia em que o governador Cláudio Castro (PL) informou que protocolaria no legislativo uma medida semelhante de combate ao crime.
‘Não estou preocupado se vou ser candidato’
Segundo o deputado, seu projeto foi construído antes, durante o recesso de julho, e o governador tinha ciência disso. Ele reafirmou que sua proposta conta com 19 artigos, enquanto a do Executivo possui apenas dois, e afirmou que não está preocupado em apresentar projetos para ser “candidato a isso ou àquilo”.
“O governador foi eleito pelo povo para comandar o Rio. Eu fui eleito deputado e escolhido pelos senhores para comandar o legislativo. Vou repetir: eu não faço projeto para chamar atenção e não estou preocupado se vou ser candidato a isso ou àquilo. Eu faço o meu melhor enquanto aqui estiver”, afirmou Bacellar, ressaltando que apoiará a proposta apresentada por Castro.
Bacellar alfineta guarda armada de Paes
Além disso, o deputado também aproveitou o momento para alfinetar a proposta do prefeito Eduardo Paes (PSD), que criou neste ano a divisão de elite armada da Guarda Municipal do Rio. Segundo Bacellar, qualquer medida de segurança pública é bem-vinda, mas há preocupação quando o tema é usado como “palanque eleitoral”.
“Eu sou um cara que gosta de trabalhar, cumprir a palavra e fugir do espetáculo. Eu vi muitas coisas, e qualquer medida de segurança pública é bem-vinda e deve ser aceita, não podendo ter vaidade de lado nenhum. O que me preocupa é correr a torto e a direito para fazer palanque eleitoral usando um tema tão sensível como o da segurança pública”, completou Bacellar.
Pano de fundo
O episódio envolvendo os dois pacotes de segurança pública de Castro e Bacellar ocorre em meio a meses de desentendimentos entre eles, após Bacellar, na condição de governador em exercício, ter exonerado o então secretário de Transportes, Washington Reis (MDB).
Depois disso, Castro, que havia anunciado apoio à pré-candidatura de Bacellar a governador em 2026, recuou e afirmou que a definição sobre sua sucessão ocorrerá apenas no ano que vem. Aliados do presidente da Alerj destacam que a proposta do presidente da Alerj já vinha sendo elaborada e trabalhada ao longo do recesso legislativo, em julho.
Pacote recebeu o aval da CCJ
O pacote de Bacellar já havia recebido o aval da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na última quarta-feira (3). Apesar do pedido de inclusão de emendas de Luiz Paulo (PSD) e Elika Takimoto (PT), a proposta foi aprovada pela comissão após um acordo proposto pelo presidente da CCJ, Rodrigo Amorim (União), pedindo que divergências e emendas fossem apresentadas em plenário.
Nesta terça-feira, o projeto também recebeu parecer favorável das comissões de Segurança Pública e Assuntos de Polícia; de Assuntos da Criança, do Adolescente e do Idoso; e de Orçamento, Finanças, Fiscalização Financeira e Controle. Já a Comissão de Ciência deu parecer favorável, com emenda, acompanhando o pedido de Elika Takimoto.