O prefeito de Belford Roxo, Márcio Canella, é um filiado histórico do União Brasil. O partido já tem pré-candidato ao governo do estado, o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar. Na aritmética simples, isso resultaria em: “Canella está empenhado na pré-campanha do companheiro de partido”. Certo?
Mas na matemática política, nada é tão simples assim.
Até o momento, o principal adversário de Bacellar é o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). Canella orgulha-se de ter conseguido eleger um vereador na Câmara do Rio, a quem emprestou até “sobrenome”, Jorge Canella (União).
Nesta semana, Paes passou por uma prova de fogo na Câmara e conseguiu aprovar o seu principal projeto para 2025, o que regulamentou o armamento da Guarda Municipal e vai permitir a contratação de centenas de agentes temporários. Um golaço (inclusive de marketing) na área da segurança pública, que será sua principal bandeira nas eleições do ano que vem.
E onde estava Jorge Canella? Não em plenário, para votar contra o projeto de Paes — enquanto outros aliados ao União, como os do PL, faziam o possível para atrapalhar os planos políticos do prefeito.
Aliados não gostaram da atitude de Canella
A “traição” foi muito mal recebida na Assembleia Legislativa.
“Para piorar, o prefeito e padrinho político do vereador se despencou lá de Belford Roxo, no dia seguinte à votação, para passear com o seu pupilo pela Câmara do Rio. Qual a sinalização? A de que ele apoiou o seu vereador, que agiu na direção contrária aos interesses do próprio partido”, reclamou um deputado empenhado na pré-campanha de Bacellar.
Estrategista defende
O vereador Paulo Messina (PL), no entanto, defende Jorge. O estrategista da oposição reconhece que o coleguinha não estava mesmo em plenário na hora da votação, que aconteceu bem tarde da noite. Mas que esteve ao lado oposto a Paes em outros momentos importantes.
“Todas as vezes que precisamos da assinatura dele para a emenda que tirou o projeto de pauta, ou para novas tentativas, ele sempre estava lá, sem titubear. É aliado. Essa queixa é de quem quer causar desunião no União”, brincou Messina.