Investigação da Polícia Federal identificou uma mensagem enviada por uma assessora do vereador Carlos Bolsonaro (Rep-RJ) pedindo informações sobre um inquérito “envolvendo PR e 3 filhos”, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro.
O texto foi enviado a Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em outubro de 2022, meses depois de ele deixar o cargo para concorrer ao cargo a deputado federal. A informação consta da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que autorizou a operação deflagrada, nesta segunda-feira (29), para investigar o uso da Abin para monitorar autoridades ilegalmente. Na ação, a PF apreendeu o celular e computadores do vereador e também equipamentos de pessoas ligadas a ele.
Em entrevista à Jovem Pan, o ex-presidente minimizou a mensagem da assessora a Ramagem e disse que também se reportaria ao ex-diretor porque ele “virou amigo dele”. “Eu pergunto: qual o problema ter acesso a número dos inquéritos? Não vejo problema. Se eu tiver problema na PF, vou me consultar com o Ramagem também, que eu virei amigo dele”, afirmou Jair Bolsonaro.
A operação desta segunda-feira é um desdobramento da realizada na quinta-feira (25), que teve como alvo Alexandre Ramagem, que foi chefe da Abin entre julho de 2019 a março de 2022. Segundo o ministro do STF, Carlos Bolsonaro e as assessoras Luciana Paula Garcia da Silva Almeida e Priscilla Pereira e Silva eram integrantes do “núcleo político” que, em conjunto com funcionários públicos sob o comando de Ramagem, “monitorou indevidamente ‘inimigos políticos’ e buscou informações acerca da existência de investigações relacionadas aos filhos” de Bolsonaro durante o mandato do ex-presidente.
Na decisão, Moraes afirmou ainda que as “provas indicam”, de forma “significativa”, a existência de uma “organização criminosa infiltrada na Abin” e que, segundo a PF, esse grupo uma célula de um grupo ainda maior, que tinha por tarefa realizar “contrainteligência de Estado”.
Na operação desta segunda-feira, a PF também apreendeu dez celulares, três notebooks, um HD externo e uma arma na casa de um militar ligado à Abin. A apreensão ocorreu em Salvador (BA), no endereço ligado a Giancarlo Gomes Rodrigues, que atuou como assessor do deputado federal Alexandre Ramagem quando ele estava no comando da agência.