Parte fundamental da atividade parlamentar, as frentes da Câmara de Vereadores são associações montadas pelos integrantes da casa com um objetivo em comum: defender um tema de interesse da sociedade. Ou, pelo menos, que os parlamentares julgam relevante e que precisa ser ainda mais discutido. Na Câmara do Rio — que ganhou novos ares em 2025, com a chegada de alguns novatos, eleitos no pleito de 2024 —, é possível encontrar um cardápio variado.
Na prática, muitas frentes acabam servindo para marcar posição política, trazer visibilidade a pautas específicas e articular ações mais amplas. Também é comum que vereadores as usem como uma plataforma de construção de imagem.
Nova legislatura, novas pautas
Um exemplo de frente defendida por um novato da Câmara, é a em defesa da saúde mental do trabalhador. Presidida por Rick Azevedo, o vereador foi eleito pelo PSOL carregando a bandeira contra a escala 6×1, prevista na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
No âmbito da saúde, um parlamentar do espectro político oposto ao de Azevedo, também defende sua bandeira. Rogério Amorim (PL) é quem ocupa a presidência da frente dedicada à prevenção da Síndrome Alcoólica Fetal, também conhecida pela sigla SAF. O quadro clínico ocorre quando a gestante consome bebida alcoólica durante a gravidez, e pode causar manifestações diversas no feto.
Fernando Armelau (PL) também desponta à frente de algumas frentes da Câmara. Chama a atenção, no entanto, um interesse especial nos estádios do Rio de Janeiro. O vereador é presidente de nada menos do que três frentes diferentes que tratam de estádios: a concessão do Estádio Nilton Santos e o desenvolvimento do entorno; transferência do direito de construir do estádio de São Januário no bairro Vasco da Gama; integração esportiva e urbana no Maracanã e entorno.

Somente uma frente parlamentar sobre estádios, não é presidida por Armelau. O grupo com a finalidade de “Acompanhar e Fiscalizar as Ações de Construção do Estádio do Clube de Regatas do Flamengo na Região do Gasômetro”, excepcionalmente, é presidido por outro parlamentar: Marcelo Diniz (PSD). Armelau, no entanto, também é membro do grupo.
O vereador Átila Nunes (PSD), por sua vez, defende o artesanato como patrimônio de grande relevância, tanto para a cultura quanto para a economia da cidade. Segundo a justificativa da frente presidida por ele — que carrega o título de “Rio – capital do artesanato” — , o setor artesanal representa um patrimônio cultural e econômico de grande relevância para a cidade, contribuindo significativamente para a geração de emprego e renda.
Já o Mercado Municipal do Rio, o Cadeg, também ganhou uma frente parlamentar própria. A proposta partiu do vereador Pedro Duarte (Novo), que para conseguir o apoio necessário, distribuiu até presentes aos colegas parlamentares: copos com design customizado do Cadeg. Cada parlamentar que assinava o pedido de criação da frente recebia a lembrança.
Qualquer vereador pode propor uma frente. Basta apresentar um requerimento com assinatura de pelo menos 1/3 dos colegas de plenário. Na Câmara do Rio, por exemplo, são 51 os vereadores, logo, a partir de 17 assinaturas, já é possível ter uma frente para chamar de sua.
Algumas também atuam como “observatórios”, acompanhando de perto políticas municipais. Além dos vereadores, elas também costumam abrir espaço para organizações da sociedade civil, acadêmicos, movimentos sociais e representantes de setores afetados pelo tema em questão, através de audiências públicas.