Boêmios cariocas e turistas de um lado, querendo curtir a noite. Do outro, moradores de áreas residenciais da Zona Sul, em busca de sossego. Quem está certo na história? A complexa dicotomia levou, recentemente, à cassação dos alvarás de funcionamentos de dois bares, além da restrição no funcionamento de um terceiro. Todos queridinhos dos jovens, e dos roqueiros.
No Diário Oficial do Município, foi publicada a cassação dos alvarás do Boteco Treme Treme, na Rua Arnaldo Quintela, em Botafogo; e do Empório 37, na Rua Maria Quitéria, em Ipanema. Já o Fuska Bar, na Rua Capitão Salomão, no Humaitá, está com limitação em suas atividades.
Lojistas atribuem as duras penalizações ao “choque de civilidade” prometido pelo prefeito Eduardo Paes (PSD), no fim do ano passado. No entanto, os principais alvos das ações afirmam que têm procurado seguir à risca as determinações da prefeitura e destacam que as sanções foram desproporcionais.
Portas fechadas
O fechamento do Treme Treme teve grande repercussão. Especialmente porque a Arnaldo Quintela foi eleita em abril passado, pela revista britânica Time Out, a oitava rua mais “cool” (legal) do mundo. A decisão repercutiu nas redes sociais e os frequentadores reagiram.
“Meu Deus, estou muito triste”, disse um frequentador na rede X, ex-Twitter. “Gente, vocês esperavam o que? Demorou até”, disse outra.
Já o Empório 37, por sua vez, movimenta um público mais voltado ao rock, que igualmente lamentou o fechamento. Nas redes, o espaço primeiro anunciou a suspensão em caráter provisório. Nos comentários, afirmaram estarem sendo vítimas de boatos e que o bar estava com a documentação correta.
Ao que parece, houve uma boa notícia para eles. Nesta terça-feira (14), o Empório 37 publicou: “estamos de volta, melhores do que nunca”, ainda sem anunciar a data da possível reabertura. Até o fechamento deste texto, ainda não havia saído no Diário Oficial do Município o restabelecimento do alvará.
Funcionamento limitado
O Fuska Bar não chegou a ser fechado, mas o proprietário, Luiz Ferreira, afirmou que a restrição imposta foi de não poder colocar mesas e cadeiras na calçada. No entanto, ele destacou que o espaço físico é de 20 m², ou seja, não dá para acomodar toda a clientela dentro do bar.
“Segundo a prefeitura, foram denúncias, mas não entendemos como pode ser direcionado somente para um já que a rua é repleta de outros bares. Os únicos avisos que recebemos foram multas, mas que praticamente todos os bares recebem, não recebemos nenhum aviso de um processo de cassação de alvará ou alguma tentativa de ajustamento de conduta”, explicou.
Ferreira disse não entender o porquê de nenhum outro bar ter sido penalizado e seguirem com música e mesas e cadeiras na calçada e na rua. Por fim, o empresário informou que já levou à prefeitura um documento de ajustamento de conduta e um pedido de licença de mesas e cadeiras.
“Estamos esperando resposta, pois precisamos o quanto antes voltar a trabalhar pois temos 10 funcionários que dependem da gente”, complementou.
Dezenas de notificações e multas
A Secretaria de Ordem Pública (Seop) informou que os bares mencionados possuíam dezenas de notificações e multas e mesmo assim persistiam em praticar irregularidades e, por este motivo, sofreram essas punições.
A Seop disse ainda que os bares ao lado desses interditados seguem sendo fiscalizados e, caso cometam infrações que sejam passíveis de interdição, sofrerão a mesma punição. A pasta, por fim, destacou que atua para garantir a harmonia entre os interesses dos moradores dos bairros, pedestres e proprietários de estabelecimentos.