O prefeito Eduardo Paes (PSD) desmontou seu aparato jurídico para que uma ação na Justiça Eleitoral contra o agora deputado federal Marcelo Crivella (Republicanos) fosse arquivada às vésperas do Natal.
Na disputa de 2020, a campanha de Crivella distribuiu panfletos mentirosos, nos quais afirmava que seu adversário defendia “legalização do aborto, liberação das drogas e kit gay nas escolas”. Paes denunciou a falcatrua, e o processo seria julgado no último dia 20 de dezembro. Até os fiéis da Igreja Universal davam como certa a condenação do ex-prefeito — o que poderia levar à sua inelegibilidade por oito anos.
Mas, de novo, Paes pensou mais nas urnas, e no apoio do Republicanos, que na vingança.
Aceitou um acordo que tirou Crivella do castigo destinado aos maus meninos. O deputado fez uma retratação (incluída no processo), e disse que as acusações foram feitas sem o seu conhecimento.
“Eduardo Paes é homem de família, pai, marido, cristão, não defendeu legalização do aborto, tampouco liberação das drogas”, diz a nota de esclarecimento assinada por Crivella.
Diante do pedido de perdão oficializado e protocolado na Justiça Eleitoral, Paes recolheu o trenó e segurou seus advogados. O processo foi arquivado.
Foi o segundo presente de fim de ano para Crivella. O primeiro foi a aprovação das contas relativas aos anos de 2019 e 2020, operada por Paes nos bastidores da Câmara dos Vereadores.
São farinhas do mesmo saco. Se completam nesse jogo político, em que só perde é a população.