Alvo da Operação Salus da Polícia Federal, deflagrada em fevereiro deste ano, em consequência de uma investigação sobre desvios de recursos públicos na Secretaria de Saúde de Maricá, o médico Marcelo Costa Velho Mendes de Azevedo foi nomeado, no Diário Oficial do último dia 30, integrante da comissão de transição de governo na cidade. Maricá é governada há 15 anos pelo PT. A transição é da administração de Fabiano Horta (PT) para a de Washington Quaquá (PT), eleito em outubro.
Marcelo Velho, como é conhecido na cidade, era membro e presidente da Comissão de Avaliação de Desempenho (CAD) do município. De acordo com a Polícia Federal, foram cumpridos em fevereiro 14 mandados de busca e apreensão e de afastamento de função. Foram apreendidos, seis carros de luxo (entre eles, um Porsche Macan e um Range Rover Velar) e R$ 68 mil em espécie.
Segundo o TCE, prejuízo somou R$ 71 milhões
O dinheiro supostamente desviado era oriundo do Piso de Atenção Básica, usado na rede de atenção primária à família, em contrato com a organização social Instituto Gnosis. Inicialmente, o contrato, válido entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2022, era de R$ 239 milhões, e chegou a mais de R$ 600 milhões por meio de aditivos, como o que prolongou o contrato por mais dois anos.
Segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE), o prejuízo aos cofres públicos é de R$ 71 milhões.
Os crimes investigados são de peculato, desvio, falsidade ideológica, corrupção passiva e lavagem de capitais, segundo o delegado Adriano Spindola, responsável pela investigação, informou na ocasião.
— Ausência de fiscalização por quem deveria ter os feito, ausência de transparência inclusive do órgão municipal, e elevados valores — disse Spindola, em entrevista concedida na delegacia da PF de Niterói.
A então secretária municipal de Saúde, Solange Regina de Oliveira; e a diretora do Hospital Che Guevara, Simone da Costa Massa, também foram alvos de mandados de afastamento das funções públicas. Os sócios do Instituto Gnosis sofreram busca e apreensão.