Na era digital, enquanto os mais jovens fazem de tudo para gerar engajamento nas redes sociais durante a campanha, os decanos da Câmara do Rio continuam à moda antiga na busca por votos. Vereadores há mais de 30 anos, Rosa Fernandes (PSD) e Jorge Felippe (PP) disputam o nono mandato e garantem que a estratégia é a mesma: “olho no olho” na conquista de eleitores.
Aos 68 anos e com o título informal de Rainha do Subúrbio, Rosa Fernandes reconhece que precisou se adaptar para marcar presença nas plataformas digitais, mas continua seguindo o modelo de fazer política que aprendeu com o pai, o deputado estadual Pedro Fernandes, eleito para dez mandatos.
“Chegava da escola e acompanhava meu pai nas andanças pelos bairros. É o que faço até hoje: vou nas casas, ouço os problemas e compro a briga deles. Nessas andanças, faço amizades, conheço as pessoas pelo nome, dou meu número de celular e estabeleço um vínculo eterno. As redes são frias. No fim, busco o equilíbrio entre o presencial e o digital, mas conservei o contato direto com o morador”, conta Rosa.
Ao lembrar que começou usando megafone nas ruas e nas feiras, Jorge Felippe conta que se modernizou, usa microfone e tem até QR Code no cartão. Delegou a entrada nas redes sociais para uma equipe especializada, mas gosta mesmo é de se dedicar à velha forma de “campanha domiciliar”. Só neste ano, já contabiliza 232 reuniões. E se engana quem pensar que ele reduziu ou ritmo com o passar dos anos. Aos 74 anos, mantém rotina com 10 compromissos por dia, número que chega a dobrar no sábado.
“Faço política abraçando, debatendo. Dou meu número de telefone, respondo as mensagens. Faço campanha há 40 anos nos mesmos lugares, de Deodoro a Sepetiba. E sabe qual o segredo da minha longevidade na política? Eu moro em Bangu, não tenho comitê, faço encontros na casa que foi da minha mãe. Meu eleitor sabe onde me encontrar”, diz um animado Jorge Felippe, momentos antes de entrar numa nova agenda.
Cria de Irajá, Rosa também mantém o escritório na casa onde os pais moraram — que fica a poucos metros de onde ela vive. “Apesar do meu pai já ter falecido há quase 20 anos, até hoje, em todas as ruas da região, a gente encontra sempre um morador que lembra de alguma história, de uma memória com ele. Estar com as pessoas é algo que me faz muito bem, por isso estou sempre por perto”, emociona-se a vereadora.
Gráfica x impulsionamento
Apesar dos mais de 110 mil seguidores nas duas principais redes sociais, a prestação de contas parcial da vereadora mostra o quanto ainda está mais “analógica”. Até o momento, já pagou quase R$ 200 mil com material gráfico. Em contrapartida, destinou apenas R$ 5 mil para impulsionamento de conteúdo digital.
Já Jorge Felippe, enquanto está nos bate-papos nas reuniões domiciliares, tem uma equipe engajada no tráfego nas redes — que somam 60 mil admiradores. Tanto que a prestação de contas parcial do vereador indica que o maior gasto até agora com foi impulsionamento no Facebook, em R$ 22 mil, enquanto pagou cerca de R$ 19 mil para material gráfico.
Com impulsionamento ou não, na reta final, os dois decanos têm uma certeza: vão mesmo é gastar sola de sapato.
Jorge Felippe é um grande burocrata de gabinete. Só faz isso de 4 em 4 anos. Lamentável…
O vereador Jorge Felippe realmente é muito atuante e presente nas comunidades. Um cara que merece o meu respeito e voto !