No primeiro grade ato após a divulgação de que teve uma reunião gravada pelo então ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez questão de mostrar que a pré-campanha do pupilo à Prefeitura do Rio está de pé e que Ramagem está sendo perseguido por ser um aliado. Em trio montado na Praça Saens Peña, na Tijuca, nesta quinta-feira (18), o ex-presidente focou em realizações do seu governo e em atacar o presidente Lula.
“Pagam um preço alto por se ombrear comigo. Sabem como somos perseguidos. Ramagem, um delegado da Polícia Federal que eu conheci na transição de 2018, já começa a pagar um preço alto pela sua ousadia de querer, pensar, sonhar em administrar essa cidade com respeito, honradez e orgulho. Isso aqui hoje não é campanha política. É uma rápida passagem do que nós estamos apresentando como possibilidade para o Rio”, disse o ex-presidente.
Com fala comum de que “2026 passa por 2024”, parlamentares bolsonaristas discursaram em defesa de Ramagem, defendendo a importância de tê-lo à frente do município a partir do próximo ano. Com cuidado de destacar que não se tratava de comício, pediam que comparassem o currículo do deputado federal com o atual prefeito.
Ramagem, por sua vez, evitou de falar de investigações da Polícia Federal ou se dizer perseguido. Focou o discurso enfático na defesa da segurança pública, prometeu transformar a Guarda Municipal em polícia armada e pediu apoio para elegerem vereadores de “direita” para ajudar no “sonho” de fazer Bolsonaro voltar à presidência em 2026.
“Aqui no Rio tem um grupo que está há 30 anos, e o que eles fizeram pela segurança e ordem do Rio? Nada! Escolham bem seus prefeitos, temos que mostrar a força nas eleições para que, em 2026, tenham mais deputados, senadores, governadores e, se Deus quiser, vamos fazer novamente Jair Messias Bolsonaro presidente do nosso Brasil”, disse Ramagem, sem considerar que Bolsonaro está inelegível.
Destaque a um pré-candidato a vereador
No ato de apoio a Ramagem, os pré-candidatos a vereador ficaram no chão, na frente do carro de som. Entre eles havia ex-deputados, como Alana Passos e Alexandre Knoploch, bem como o compadre do governador Cláudio Castro, Diego Faro.
Mas Bolsonaro, ao fazer menção aos pré-candidatos a vereador, citou apenas um, para ciúme dos demais:
“Temos aqui alguns que me são muito caros, como o Marcelo Capparelli, que o pai dele foi quem me garantiu a eleição para vereador em 1988″, pontuou o ex-presidente.
Promessa de lealdade
O governador Cláudio Castro começou seu discurso lembrando do antecessor, Wilson Witzel, para enfatizar que ele é diferente e se manterá leal ao ex-presidente.
“O senhor elegeu o governador, em 2018, e, com menos de um ano, ele tentou tomar sua cadeira. Mas eu, até o ultimo dia, serei liderado por você no Rio de Janeiro”, disse Castro, que seguiu o discurso enfatizando bandeiras do bolsonarismo.
“No meu estado não tem ideologia de gênero; se tiver droga, vai ser preso. E aqui não tem esse negócio de achar que vai fazer aborto e vai na delegacia só fazer um BO”, afirmou, lembrando ainda da Operação Ordo, de combate ao crime organizado, citando o caso do pré-candidato Salvino Oliveira, que acabou agredido por moradores da Cidade de Deus.
“Desde segunda-feira estamos fazendo a maior ação de segurança pública. Ontem, um pré-candidato a vereador do prefeito quis parar a operação (de demolições) e tomou ovada. Não adianta político tentar parar operação da polícia porque não vai parar! O Rio tem jeito, e passa pelo Bolsonaro e todos que ele indicar”, finalizou o governador.
No fim do ano, Bolsonaro e Ramagem foram embora sentados em cima de um carro com Ramagem. Os apoiadores seguiram o veículo pela Rua Desembargador Izidro.