Moradores das orlas de São Francisco e de Charitas, na Zona Sul de Niterói, Região Metropolitana do Rio, não tiveram sossego, no último final de semana. Eles afirmam que um evento religioso, em comemoração aos 11 anos da igreja evangélica Lagoinha Niterói, iniciou ainda durante o dia e durou até o final da noite, tanto no sábado (6) quanto domingo (7), com som muito alto e fogos de artifício.
A denominação é popularmente conhecida por promover “baladas gospel”, com intuito de amealhar fiéis mais jovens. O palco principal foi montado na areia da Praia de São Francisco. Segundo os relatos, o volume estava maior do que o de eventos realizados na Praça do Rádio Amador, que fica na mesma região e costuma receber apresentações musicais.
“Moro nas Charitas. O som está mais alto do que aqueles eventos na Praça do Rádio Amador, que é muito mais próxima da minha casa. Sem contar que é um evento particular que interessa apenas a um público muito específico”, desabafou o morador Luiz Gustavo de Sá, no Facebook.
Outro motivo de reclamação foi o uso de fogos de artifício com estampido sonoro. Cabe ressaltar que, segundo a lei municipal nº 3.684, é proibido o manuseio, a utilização, a queima e a soltura de fogos de estampidos e de artifícios, assim como de quaisquer artefatos pirotécnicos de efeito sonoro ruidoso no município, seja em áreas públicas ou locais privados.
“Agora estou escutando barulhos de fogos, coitados dos cachorros”, preocupou-se a moradora Valnira Riboli, também através das redes sociais.
Reclamações também em Piratininga
Não são apenas moradores de Charitas e São Francisco que reclamam do som da igreja Lagoinha. Há alguns anos, a sede da denominação deixou a orla de Charitas e passou para uma grande tenda no bairro de Piratininga, na Região Oceônica. Moradores daquela localidade também reclamam de poluição sonora e falta de ordenamento. O grupo a encaminhou uma petição ao Ministério Público Estadual (MPRJ), no ano passado.
“O som das igrejas também incomoda e às vezes chega a 1 km de distância. Mas, em um sábado, uma delas tocou uma corneta pela manhã, das 9h às 10h, e depois saiu em um trio elétrico, escoltado por viaturas da Polícia Militar, pela Estrada Francisco da Cruz Nunes, causando enorme congestionamento e promovendo música extremamente alta”, diz um morador, signatário da petição.
O TEMPO REAL questionou à Prefeitura de Niterói e à própria Lagoinha Niterói sobre o caso e aguarda envio de resposta.
Pastor indiciado por intolerância
O pastor Felippe Valadão, líder da Lagoinha Niterói, foi indiciado, em abril de 2024, pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) por um ataque feito a religiões de matriz africana durante o evento que celebrava os 189 anos de Itaboraí, na Região Metropolitana, em maio de 2022.
Na ocasião, o pastor gritou para o público que: “De ontem para hoje tinha quatro despachos aqui na frente do palco. Avisa aí para esses endemoniados de Itaboraí: o tempo da bagunça espiritual acabou, meu filho. A igreja está na rua!!! A igreja está de pé…E ainda digo mais: prepara para ver muito centro de umbanda sendo fechado na cidade.”