Uma operação conjunta entre policiais civis do Rio de Janeiro, Santa Catarina e Distrito Federal desarticulou, nesta quinta-feira (20), uma quadrilha que aplicava o golpe do falso sequestro. A “Operação Rael” cumpre dez mandados de prisão e outros dez de busca e apreensão nos três estados.
A investigação foi conduzida pela Polícia Civil do Distrito Federal e começou em outubro do ano passado, quando um idoso sofreu o golpe e permaneceu por horas no telefone celular sob ameaça dos autores. Na ocasião, um integrante da quadrilha, que foi até a casa da vítima buscar os cartões bancários, joias e objetos de valor, foi preso em flagrante. O fato aconteceu em Taguatinga, no DF.
Em depoimento, o criminoso afirmou que seus comparsas eram de outro estado e só tinha contato com eles por meio da internet para prestar contas e enviar os objetos recolhidos com o golpe. Os itens eram enviados para uma agência dos Correios, no estado do Rio de Janeiro.
Rede criminosa
As investigações revelaram a existência de uma rede criminosa, com diversos núcleos. A organização liderada por três criminosos com conhecimento em informática e que utilizavam essa habilidade para esconder seus rastros na internet.
Os líderes eram responsáveis pela compra de dados de potenciais vítimas em “painéis” na internet e depois repassavam essas informações para seus comparsas entrarem em contato. As ligações eram feitas por presos do regime semiaberto do sistema prisional do Rio de Janeiro.
Assim que os detentos conseguiam convencer a vítima, repassavam as informações aos líderes, que mantinham grupos de “entregadores” nos estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Acre, Mato Grosso do Sul, Ceará, Bahia, Pernambuco, Espírito Santo e Distrito Federal.
Objetos enviados por correios
As vítimas eram orientadas a colocarem cartões bancários e objetos de valor em sacolas. Os bens eram recolhidos pelos entregadores que, em seguida, faziam saques e transferências enquanto as vítimas ainda eram mantidas na ligação telefônica sob ameaça dos detentos.
Esses entregadores remetiam os objetos de valor e joias para uma agência dos Correios, em Niterói, Região Metropolitana do Rio, onde eram recolhidos pelos líderes do grupo.
O principal chefe do grupo já havia sido preso, em 2007, quando extorquia vítimas de São Paulo. Desde então, se especializou nesse tipo de golpe. A quadrilha possuía, ainda, uma espécie de manual de como excluir rastros deixados na internet.
Os autores irão responder pelos crimes de extorsão, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O dinheiro retido pela Justiça da quadrilha será repassado para as vítimas lesadas.