Preso há três anos acusado de ter matado o menino Henry Borel, o ex-vereador Jairinho reativou seu perfil verificado no Instagram, nesta terça-feira (18), com a promessa de fazer publicações diárias para mostrar “partes da verdadeira história não contada”.
No primeiro post, a defesa cita que o processo “é um dos mais vergonhosos, onde o próprio perito assume uma incompetência desastrosa”. Em menos de 24 horas já foram publicados dois episódios da série “O Caso Henry — O outro lado”, produzida em 2023 com base na investigação paralela. Os mesmos vídeos já tinham sido divulgados no ano passado.
Henry Borel foi morto com sinais de tortura no apartamento de Jairinho, na Barra da Tijuca, em março de 2021. O então vereador e a mãe do menino, Monique Medeiros, foram presos preventivamente em abril no mesmo ano.
Desespero
Para o pai de Henry, o engenheiro Leniel Borel, a reativação do perfil oficial do ex-vereador trata-se de “desespero” e “mais uma tentativa de influenciar o júri popular. Ele acredita que o julgamento pode ser marcado para setembro deste ano.
“Isso é um absurdo. Como pode um preso ter rede social? É uma tentativa de influenciar o júri, ainda mais num ano eleitoral, quando a última movimentação dele foi tentar voltar para a Câmara do Rio. É um escárnio com a sociedade”, disse Leniel.
No início de junho, a Primeira Câmara de Direito Público negou recurso do ex-vereador para retomar o seu mandato na Câmara dos Vereadores. Jairinho alegou que o processo ético-disciplinar foi movido sem prova pela prática do crime. Mas a desembargadora Jacqueline Lima Montenegro negou e destacou que a perda do mandato foi fundamentada na falta de decoro parlamentar e não na prática do homicídio
Em fevereiro, o Conselho Federal de Medicina manteve a cassação do CRM de Jairinho por infração ao Código de Ética Médica no caso do menino Henry. Ele não tem mais direito a recorrer para reaver o registro de médico.
Lei Henry Borel
Enquanto Jairinho reativa o perfil, Leniel Borel segue sua peregrinação para pedir a implementação dos mecanismos previstos na lei federal que leva o nome do seu filho.
Já foi ao secretário de Segurança do Rio, Victor Santos, e ao secretário de Polícia Militar, o coronel Marcelo de Menezes Nogueira. Nos encontros, pediu a efetivação da lei e a capacitação dos profissionais que lidam com crianças e adolescentes, a criação de ambientes acolhedores para receber as vítimas de violência e, principalmente, a implantação da Patrulha Henry Borel (Lei estadual 9296/2021), nos mesmos moldes da bem sucedida Patrulha Maria da Penha.