O corpo de Paulo Roberto Braga, de 68 anos, será enterrado neste sábado (20), no Cemitério de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. O sepultamento será feito quatro dias depois de o idoso, já morto, ter sido levado a uma agência bancária por sua sobrinha, numa tentativa de realizar um empréstimo de R$ 17 mil. A família havia solicitado o enterro social, gratuito, alegando falta de condição financeira de arcar com a despesa.
Érika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, foi presa em flagrante por vilipendio de cadáver e furto mediante fraude. Na audiência de custódia, na última quinta (18), a prisão foi convertida em preventiva. Na decisão, a juíza Rachel Assad da Cunha definiu a ação de Érika como “repugnante e macabra”, e que, mesmo se estivesse vivo, o idoso não estaria em condições de contrair empréstimo. A magistrada disse que ficou clara a vontade de Érika de “obter dinheiro”. Segundo Érika, o empréstimo teria sido usado para comprar uma TV e reformar a casa.
A defesa de Érika pediu que a prisão fosse transformada em domiciliar, o que foi negado. Um dos argumentos é que ela tem uma filha de 14 anos que precisa de cuidados especiais, mas, na decisão, a magistrada disse que Érika deixou os cuidados com a adolescente para “praticar a conduta criminosa”. A advogada alega que Paulo Roberto chegou vivo ao banco, e que a manutenção da prisão é injustificada e ocorre por um “clamor público”.
O motorista de aplicativo que levou os dois até um Shopping e um mototaxista que ajudou a colocar Paulo no carro de aplicativo teriam visto o idoso ainda vivo, tendo segurado a maçaneta do carro. Já a Polícia Civil afirma que ele teria morrido deitado: o cadáver tinha livores cadavéricos (manchas) na nuca, que são pontos onde há acumulo de sangue decorrente da interrupção da circulação. O laudo do Instituto Médico Legal aponta que deve ter morrido entre 11h30 de terça-feira, dia em que foi na agência, e 1h de quarta-feira, por broncoaspiração do conteúdo estomacal (provocada pelo engasgo com algum alimento) e falência cardíaca.
O laudo também confirmou a debilidade do homem, que estava “previamente doente, com necessidades de cuidados especiais”. Ele havia ficado internado durante uma semana na UPA de Bangu em decorrência de uma pneumonia, precisando da ajuda de aparelhos para respirar. Paulo Roberto teve alta na segunda-feira (15). Sua morte veio a ser atestada no dia seguinte, na agência bancária, por funcionários do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).