Presa em flagrante por vilipendio de cadáver e furto mediante fraude, Érika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, passou por audiência de custódia na tarde desta quinta-feira (18). Na última terça (16), a mulher levou o corpo do idoso Paulo Roberto Braga, de 68 anos, a uma agência bancária em Bangu, na Zona Oeste do Rio, para tentar realizar um empréstimo de R$ 17 mil, que, segundo ela, seria usado para comprar uma TV e reformar a casa.
Em sua decisão, a juíza Rachel Assad da Cunha definiu a ação como “repugnante e macabra” e converteu a prisão em flagrante em preventiva. A magistrada ressaltou ainda que, mesmo se estivesse vivo, o idoso não estaria em condições de contrair empréstimo. A juíza disse que ficou clara a vontade de Érika de “obter dinheiro”.
“Tudo a indicar que a vontade ali manifestada era exclusiva da custodiada, voltada a obter dinheiro que não lhe pertencia, mantendo, portanto, a ilicitude da conduta, ainda que o idoso estivesse vivo em parte do tempo”, escreveu a juíza.
Testemunhas
Em depoimento, um mototaxista que foi chamado por volta das 12h20 para ajudar a colocar Paulo no carro de aplicativo disse que o idoso respirava e “tinha força nas mãos”, tendo segurado a porta do veículo. O motorista de aplicativo que levou os dois até o Shopping Real Bangu afirmou que o idoso segurou a maçaneta do carro ao ser retirado do veículo. O estabelecimento fica próximo ao banco, onde a morte dele foi constatada.
O corpo de Paulo foi liberado pelo Instituto Médico Legal de Campo Grande por uma mulher que disse ser irmã da acusada, mas ela alegou que a família não tem recursos e apresentou uma Declaração de Hipossuficiência, para que o sepultamento de Paulo Roberto seja sem custos. O local e horário do enterro ainda não foram definidos.
Segundo o laudo do IML, o idoso morreu por broncoaspiração do conteúdo estomacal (provocada pelo engasgo com algum alimento) e falência cardíaca, mas foi inconclusivo quanto à hora da morte, cuja previsão é que tenha acontecido entre entre 11h30 de terça-feira, dia em que foi na agência, e 1h de quarta-feira.
A conclusão do perito que assinou o documento é de que “não há elementos seguros para afirmar, do ponto de vista técnico e científico, se o Sr. Paulo Roberto Braga faleceu no trajeto ou interior da agência bancária, ou que foi levado já cadáver à agência bancária”.
Além disso, o laudo confirma a debilidade do homem, que estava “previamente doente, com necessidades de cuidados especiais”. Ele havia ficado internado durante uma semana na UPA de Bangu em decorrência de uma pneumonia, precisando da ajuda de aparelhos para respirar. Paulo Roberto teve alta na segunda-feira (15).
A morte de Paulo só veio a ser atestada às 15h20 de terça, pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que foi chamado pelos funcionários do banco que perceberam que o idoso não reagia às tentativas de Érika, que queria fazê-lo assinar a liberação do empréstimo.