A operação realizada na manhã desta quinta-feira (27) para investigar e combater esquemas de corrupção envolvendo o Grupo Refit e outras instituições constatou que as janelas de um dos escritórios da empresa eram utilizadas como “caderno de anotações” para detalhar e organizar as operações ilegais. Os agentes encontraram as informações em um prédio localizado na Cinelândia, Centro do Rio.
Inscrições como o nome de Beto Louco, um dos investigados pelo Ministério Público de São Paulo por comandar esquema bilionário do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis. Os agentes também encontraram a inscrição “dashboard (painel) do crime”.
Outras anotações nas janelas mostraram que a empresa acompanhava autoridades do Congresso e do Judiciário. Inscrições como “mapeamento do Judiciário”, “mapeamento das Procuradorias estaduais”, “mapeamento do ministério” e “mapeamento dos portos” também foram encontradas pelos investigadores.
A operação foi deflagrada pelo Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Pauloe conta com a participação da Receita Federal, Ministério Público de São Paulo, Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de SP, Secretaria Municipal de Fazenda de SP, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Procuradoria-Geral do Estado de SP e polícias Civil e Militar. Os agentes estão nas ruas do Rio, onde fica a Refinaria de Manguinhos, e também em São Paulo, Minas, Bahia, Maranhão e Distrito Federal.
Refit é segunda maior devedora do estado
A Refit ocupa a segunda posição entre os devedores do estado, com dívidas de mais de R$ 13 bilhões.
A operação tem o objetivo de defender o sistema tributário. A avaliação das autoridades é que o grupo Refit se sustenta há anos com um esquema de irregularidades que vai “do porto ao posto sem pagar imposto”, incorporando fraude aduaneira e sonegação de tributos como parte da estratégia de negócio.
Segundo os investigadores, a Refit, como é mais conhecida, é o maior devedor contumaz do Brasil, com débitos na casa de R$ 25 bilhões — e um contribuinte se enquadra nessa classificação quando se dedica à inadimplência de forma recorrente e intencional.
A refinaria de Manguinhos foi interditada em setembro pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) sob a suspeita de irregularidades na importação e venda de combustíveis.
Com informações do jornalista Otávio Guedes

