A 1ª Mostra de Cinema Haitiano no Brasil chega ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Centro do Rio, neste sábado (18). O festival é gratuito e terá exibição de filmes até o dia 26. Estarão em cartaz três longas-metragens dos diretores haitianos Géssica Généus e Richard Sénécal; dois documentários dos diretores brasileiros Gabriel Martins e Clementino Junior e um filme de animação da produtora PositivesNegatives, além de diversos curta-metragens.
As obras apresentam a realidade social e política do Haiti, além de proporcionar uma aproximação cultural entre o país caribenho e o Brasil, que possuem muitas semelhanças em sua formação histórica enquanto nações latino-americanas.
Quatro dos seis filmes da mostra revisitam o episódio do terremoto de 2010, que matou 300 mil haitianos e trouxe milhares exilados ao Brasil. Porém, nas telas, é projetada uma abertura para um futuro esperançoso no país. A sinopse dos filmes, assim como a programação completa do evento, podem ser conferidas no próprio site da mostra.
A iniciativa é do Centro de Arte e Pesquisa People’s Palace Projects de Londres. A mostra terá a curadoria de residentes haitianos no Brasil, como Richemond Dacilien e Ismane Desrosiers, que buscam não só levar entretenimento ao público, mas provocar uma reflexão acerca dos 161 mil haitianos que vivem em território nacional, que convivem com o racismo e a discriminação.
A data de abertura escolhida para a mostra é, ao mesmo tempo, simbólica para o Haiti: nela, é celebrado o Dia da Bandeira, quando em 1803 Jean Jacques-Dessalines rasgou ao meio a bandeira francesa no Congresso de Arcahaie e costurou o vermelho e o azul das extremidades, demarcando uma união entre negros e mulatos. O país veio a se tornar independente em 1º de janeiro de 1804, sendo o primeiro a conquistar a independência em toda a América Latina
Para Dacilien, o evento oferece uma oportunidade para os brasileiros conhecerem a realidade política do país caribenho, que ocasionou a crise migratória: “O Haiti, a primeira república negra independente do mundo, está passando por uma crise sem precedentes, há várias décadas resultando na migração de grande parte de sua população em busca de uma vida melhor, sendo milhares para o Brasil”.
Porém, o curador destaca que a questão política será trabalhada por meio da cultura, como um exercício de união entre os dois povos: “Por isso, é importante criar mais espaço para um intercâmbio cultural entre esses dois povos, oferecendo ao público brasileiro alguns dos melhores filmes da indústria cinematográfica haitiana que, apesar da situação catastrófica do país, continuam entre os melhores filmes já produzidos na região do Caribe”.
O evento terá ainda, após as sessões dos filmes apresentações gratuitas do grupo Clamor! no térreo do CCBB, nos dias 18 (às 16h), 19 (15h45) e 26 (às 16h) de maio. Serão performances itinerantes de dança, canto, percussão e artes circenses, contando com a participação de 20 migrantes do Haiti, países africanos e de artistas afrodescendentes brasileiros.