O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) obteve a condenação do vereador de Volta Redonda Vander Temponi Faria (União Brasil) a 25 anos de prisão e à perda de mandato na Câmara Municipal de Volta Redonda, no Sul Fluminense, pela prática de ‘rachadinha’. Segundo o MP, Temponi era o responsável por uma organização criminosa que desviava grande quantidade de dinheiro público, a partir da tomada da maior parte do salários dos servidores nomeados em seu gabinete.
A denúncia feita pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), em junho de 2023, acusou Vander e dois assessores pelos crimes de organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro e usurpação de função pública. Uma solicitação do Gaeco determinou que o vereador devolva R$ 105 mil aos cofres públicos, e seus assessores R$ 61 mil e R$ 13 mil, além de uma multa de R$ 1 milhão determinada ao trio como dano moral ao município.
Os dois assessores do gabinete do parlamentar foram condenados a 13 anos de prisão cada. Segundo a denúncia, esses funcionários ficavam com apenas R$ 1 mil dos mais de R$ 7 mil que recebiam oficialmente como salário. A entrega do dinheiro era feita pessoalmente, em espécie, e também em transferências em favor do próprio vereador ou a terceiros com quem Temponi mantinha compromissos.
Ao menos 47 ocorrências de repasses de servidores ao vereador foram identificadas apenas entre janeiro de 2021 e julho de 2022. O documento encaminhado à Justiça aponta que o vereador praticou por diversas vezes o delito de lavagem de dinheiro, com o intuito de ocultar e dissimular a origem dessas remunerações que eram desviadas. A sentença foi proferida na segunda-feira (29/04) pela 3ª Promotoria de Justiça junto às 1ª, 2ª e 3ª Varas Especializadas em Organização Criminosa.
Já conhecido do MP
Esta não foi a primeira denúncia do MP contra o Vander: no ano passado, foi formalizada junto à Justiça uma investigação de tráfico de influência que o parlamentar teria cometido antes de assumir seu cargo na Câmara Municipal. O crime é caracterizado pela utilização de sua posição privilegiada em uma organização para obtenção de vantagens.
No período entre janeiro de 2017 e maio de 2019, Vander teria se passado como emissário do então prefeito de Volta Redonda, Elderson Ferreira da Silva, conhecido como “Samuca Silva”, tendo solicitado vantagens financeiras à empresa AEX Alimenta Comércio e Serviços Ltda., alegando influência nas decisões do prefeito.
A denúncia veio à tona quando o ex-prefeito descobriu a utilização de seu nome por Temponi para obter lucro ilícito. Reuniões entre os dois foram gravadas com autorização judicial. Em uma delas, o vereador confessou receber 2% do valor do contrato entre a prefeitura e a AEX.
A partir dos desdobramentos dessas investigações, durante uma extração de dados do telefone do investigado, puderam ser encontradas as evidências que levaram à acusação por rachadinha.