A psicóloga Julia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, principal suspeita da morte por envenenamento do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44, contou em seu depoimento à polícia que deixou o apartamento no dia 20 e se separou do namorado após descobrir uma traição dele. Ela está foragida.
Demonstrando frieza e rindo em alguns momentos, Júlia disse à polícia que se relacionou com Luiz Marcelo entre 2013 e 2017, mas a relação só foi oficializada em 2023. “Enquanto eu estava dormindo, ele ficava em bate-papo, provavelmente procurando p*”, afirmou Júlia em depoimento dado à polícia em 22 de maio e revelado neste domingo (02) pelo programa Fantástico.
Ainda segundo a psicóloga, ela descobriu um Instagram fake do namorado. “Aí teve briga”. Nesse mesmo dia da discussão, em 20 de maio, ela teria deixado o apartamento. Porém, as investigações apontam uma contradição no depoimento: foi nesta mesma data da suposta separação que os vizinhos sentiram um forte odor vindo do apartamento do casal, no Engenho Novo, Zona Norte do Rio, onde o corpo de Luiz foi encontrado em estado avançado de decomposição, tendo morrido entre 3 e 6 dias antes de ser encontrado.
O empresário foi visto pela última vez em 17 de maio, quando as câmeras do elevador do prédio capturaram o casal. Eles carregavam cervejas e Luiz tinha um prato nas mãos. Neste prato estaria o brigadeirão envenenado com 50 comprimidos do medicamento Dimorf, um forte analgésico.
Entre os dias 17 e 20 de maio, Júlia manteve sua rotina usual, tendo inclusive ido à academia. Nesse período, a psicóloga teria convivido com o cadáver de Luiz, trabalhando para esconder o corpo do empresário e disfarçar seu cheiro, a fim de não levantar suspeitas sobre seu plano, que, para a polícia, era executar Luiz e tomar seus bens.
Em 19 de maio, ela foi vista colocando objetos no carro de Luiz. Nessa mesma data, ela retornou sem o carro, que teria sido vendido em Cabo Frio, na Região dos Lagos, pelo valor de R$ 75 mil. No dia seguinte, ela deixa o condomínio após a “separação”, portando duas malas, onde estariam alguns pertences do apartamento, além de ter pegado na portaria do prédio o cartão do banco de uma conta conjunta que tinha com Luiz.
Para conseguir vender os bens, ela contou com a ajuda da cigana Suyane Breschak, de 27 anos, com que a psicóloga teria uma dívida de R$ 600 mil. Suyane foi presa por suspeita de participação no crime, já Julia, que teve a prisão decretada pela Justiça e está foragida.
O delegado Marcos Buss, da 25ª DP (Engenho Novo), explica que Júlia não foi presa no dia do depoimento porque, naquele momento, não havia base legal para a prisão “ela não estava em flagrante e até aquele momento nós estávamos procurando a autoria e entender o que tinha acontecido”.
Para o delegado, o crime é “aberrante” e de “extrema frieza”. Ele reafirma a motivação econômica para o assassinato de Luiz, que teria enfurecido Júlia após desistir da formalização de uma união estável.
De acordo com o depoimento de Suyane, a psicóloga teria admitido matar o namorado. “Não tô mais aguentando esse porco, esse nojento”, teria dito Júlia à cigana. A jovem entregou a ela o carro da vítima como parte do pagamento de sua dívida.
O automóvel foi vendido pelo valor de R$ 75 mil a Victor Ernesto de Souza, ex-namorado de Suyany, preso por receptação após ser encontrado com o carro, o celular e um computador de Luiz Marcelo. Foi a partir de sua prisão que os agentes chegaram até a cigana.
A defesa de Suyane diz que ela é inocente e que não teve participação alguma na morte do empresário. Segundo Etevaldo Tedeschi, advogado da cigana, ela teria recebido o carro de Luiz como um pagamento por um trabalho espiritual. Suyane, Júlia e Luiz se conheciam há 10 anos. A psicóloga era garota de programa, e tanto a cigana quanto o empresário sabiam disso.
Polícia tenta rastrear Júlia
A Polícia Civil está tentando rastrear a movimentação financeira de Júlia, a fim de encontrá-la. Até a manhã desta segunda não havia pistas sobre seu paradeiro.
Também nesta manhã, dois funcionários de uma farmácia prestaram depoimentos. A investigação suspeita que eles trabalham no mesmo estabelecimento onde Júlia teria comprado o medicamento usado no brigadeirão dado à vitíma.
Antes do crime, Luiz Marcelo teria confessado a uma amiga que teria assumido uma união estável com Júlia por não ter ninguém para deixar seus bens, caso morresse. Seus pais já haviam falecido e ele não possuía herdeiros.
“Mas eu também tenho que ter uma companhia, né? Se eu morrer amanhã, minhas coisas ficam todas para o Estado. Não tenho ninguém para deixar as minhas coisas”, disse ele à amiga. Contudo, ele também admite que a psicóloga fazia pressão para a formalização da união.
Com informações do Fantástico