A Região Metropolitana do Rio aparece com destaque como potência de geração de energia a partir do lixo urbano. É o que aponta o levantamento realizado pela Associação Brasileira de Energia de Resíduos (ABREN). Segundo a Associação, a região tem a possibilidade de receber até 25 usinas de recuperação energética (URE), que transformam o lixo não reciclável em energia elétrica.
A iniciativa, que poderia atrair investimentos de cerca de até R$ 25 bilhões, pode gerar ainda 25 mil postos de trabalho diretos e indiretos. O processo se dá a partir da incineração, com cerca de 20MW de potência instalada cada, totalizando um potencial superior a 468 MW, com uma produção de energia limpa e renovável na ordem de 10 GWh/dia, ou 3,7 TWh/ano.
O montante seria suficiente para suprir cerca de 80% de toda a demanda de energia elétrica do setor público do estado, incluindo serviços como água, saneamento, esgoto além de prédios públicos e iluminação pública. Além disso, estima-se uma arrecadação de R$ 28 bilhões em tributos durante o período de operação da usina, estimado em 40 anos.
Com cerca de 13,2 milhões de habitantes, a Região Metropolitana produz quase 17 mil toneladas de lixo por dia, que somam mais de 6 milhões de toneladas por ano, de acordo com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Esse volume, dentro de 40 anos, ocuparia uma área adicional de aterros sanitários equivalente a mais de 159 estádios do Maracanã.
Uma URE pode ser viabilizada por meio de um consórcio entre os municípios que compõem a região metropolitana do Rio de Janeiro, como prevê novo Marco Legal do Saneamento. Durante a vida útil da usina, a cidade pode evitar a emissão de 413 milhões de toneladas de CO2, além de recuperar 8,8 milhões de toneladas de metais ferrosos e não ferrosos, sendo que a maior parte das cinzas podem ser reaproveitáveis pela construção civil e pavimentação.
Combustível
Outra oportunidade para utilização dos resíduos sólidos urbanos (RSU) como fonte energia, é transformá-los em Combustível de Derivado de Resíduos Sólidos Urbanos (CDRU), de forma a utilizá-los como substitutos dos combustíveis fósseis nas fabricas de cimento existentes na região.
O potencial de consumo das plantas de cimento poderia tingir mais de 600 toneladas/dia de RSU, quantidade compatível com a necessidades de CDRU nas empresas cimenteiras do estado. Como consequência, haveria uma redução da importação de coque de petróleo (combustível fóssil a ser substituído) de mais de 45.000 t/ano.
Neste caso, a região poderia receber investimentos de até R$ 220 milhões. Além disso, haveria redução relevante das emissões atuais de gases de efeito estufa dos aterros sanitários da região.