Após a queda das árvores de Natal em Maricá, no dia 16 de dezembro, que resultou na morte de um funcionário de 21 anos, e em Niterói, no ano passado, o futuro das mega decorações na Região Metropolitana do Rio está sendo questionado por especialistas e moradores. Ambas as estruturas que cederam foram construídas pela mesma empresa, a Estrutend Estruturas.
O engenheiro civil Mucio Martins detalhou as causas dessas quedas e alertou para os riscos envolvidos nas mega decorações. Segundo ele, essas estruturas, frequentemente instaladas em locais abertos e elevados, não são projetadas para suportar a carga dos ventos que enfrentam, o que as torna propensas a desabamentos.
“Essas construções geralmente não consideram o comportamento do vento em determinados locais, como os que ficam expostos, próximos à água ou em áreas abertas. Quando não são projetadas para resistir a esses ventos, a estrutura cede e isso é algo que já vimos acontecer com outras montagens, como os palcos em Niterói. Agora, os palcos estão sendo projetados com maior foco na resistência a ventanias”, explicou o engenheiro.
Martins também destacou que, devido às mudanças climáticas, os ventos têm se tornado mais intensos e imprevisíveis, tornando essas estruturas ainda mais vulneráveis.
“É essencial resolver esse problema técnico, seja com projetos mais robustos e focados em resistência, ou abandonando esse tipo de montagem, principalmente quando as estruturas atingem grandes alturas. Se não houver soluções, o risco continuará existindo”, afirmou.
O caso de Maricá
Em 16 de dezembro, a queda de uma árvore de Natal flutuante de 56 metros em Maricá resultou na morte de um homem e ferimentos em outras duas pessoas. A árvore, que estava sendo montada na Lagoa de Araçatiba, desabou após um forte vendaval atingir a área.
A estrutura ainda estava em processo de montagem quando o acidente aconteceu, e a Defesa Civil já havia emitido um alerta para chuva forte pouco antes da queda. Imagens registradas por moradores mostraram o momento exato da queda, enquanto vídeos nas redes sociais capturaram o vendaval que precedeu o desastre.
As vítimas foram rapidamente socorridas, mas Vinícius Santos Abreu, de 21 anos, não resistiu aos ferimentos. A Prefeitura de Maricá decretou luto de dois dias e suspendeu a programação natalina da cidade. A árvore, que era uma das maiores da região, tinha aproximadamente 360 mil microluzes e era um dos maiores atrativos do município.
O caso de Niterói
O mesmo cenário se repetiu em Niterói no ano anterior, em 8 de dezembro de 2023, quando uma árvore de Natal de metal, de 50 metros de altura, desabou durante a madrugada. A árvore estava sendo construída no bairro de São Francisco, mas ainda não havia sido finalizada.
A estrutura caiu antes de passar pela vistoria final do Corpo de Bombeiros, que liberaria a montagem para o público. Dessa vez, não houve vítimas fatais.
A Prefeitura de Niterói registrou um boletim de ocorrência e solicitou uma investigação sobre as causas do acidente. A área foi isolada antes de acontecer a queda, e as festividades de Natal na cidade não foram afetadas, mas a árvore de Natal de São Francisco foi cancelada, e em seu lugar foi instalado o Parque do Papai Noel..
Mesma empresa
A mesma empresa responsável pela construção das duas árvores de Natal que desabaram em Maricá e Niterói é a Estrutend Estruturas. Nos dois casos, as prefeituras optaram por não pagar pelos serviços prestados, devido aos acidentes que resultaram em danos às estruturas.
Em Maricá, após a queda, o prefeito Fabiano Horta (PT) expressou solidariedade à família da vítima e anunciou nas redes sociais que a árvore não será remontada. O valor de R$ 5 milhões, que seria pago à empresa, ficará nos cofres públicos do município.
Já em Niterói, a prefeitura decidiu contratar outra empresa para a montagem da árvore deste ano. No entanto, com os ventos fortes de 80 km/h que atingiram a cidade no início de dezembro, parte da estrutura foi danificada, e a Defesa Civil determinou a desmontagem preventiva.