Não foram poucas as reações no PSOL— de surpresa e até de indignação — com a presença do líder do partido, Yuri Moura, e da também deputada estadual Dani Monteiro no jantar promovido pelo presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União), num restaurante, na quarta-feira da semana passada (9).
Bacellar também é o primeiro na linha sucessória do governador Cláudio Castro (PL) e pré-candidato apoiado por partidos de direita e centro-direita que formam a base do governo.
O assunto está na ponta da língua de psolistas de quatro costados, e nas rodinhas da esquerda. A consequência será uma reunião da bancada na Alerj, quando terminar o recesso. Para usar uma expressão da moda, o povo do PSOl também está achando que é hora de riscar o chão.
“Se houver uma convocação do presidente da Assembleia para discutir qualquer assunto que seja do interesse da bancada e que tenha repercussão nas pautas que defendemos, o PSOL deve estar presente”. disse o presidente estadual do PSOL e também deputado, Flávio Serafini. “Mas, agora, o presidente também é governador em exercício e pré-candidato. Então, é preciso ter clareza sobre se o evento é político institucional ou político eleitoral”, alerta.
Encontro reuniu os deputados mais próximos a Bacellar
No encontro, onde estavam os deputados mais próximos a Bacellar, o secretário de Governo, André Moura, leu uma mensagem de Castro, informando que Washington Reis (MDB) não seria reintegrado ao primeiro escalão do Palácio Guanabara.
Washington havia sido demitido por Bacellar — que ocupava o cargo de governador em exercício, durante uma viagem de Castro. A decisão do interino (“intempestiva”, segundo o titular) provocara uma crise política. E havia pressão dos dois lados, tanto pela reintegração do emedebista, quanto pela manutenção da exoneração.
O presidente da Alerj havia avisado: se o governador readmitisse Washington, não seria mais candidato.
Castro não o fez.
Líder do PSOL cita ‘respeito institucional’
Yuri disse, por meio de nota, que sua “presença no encontro político promovido pelo presidente da Alerj demonstra respeito institucional e compromisso com o acompanhamento crítico das ações do Executivo”. Lembrou que esteve acompanhado da deputada Dani Monteiro, também do partido, a quem descreveu como “parlamentar com trajetória consolidada no legislativo”.
No texto, diz que, “embora o jantar tenha sido informal, temas políticos relevantes estiveram em pauta — entre eles, a atuação do à época secretário Washington Reis”. Washington, no entanto, já estava demitido.
“Essa questão é muito importante para nós. Temos cobrado e denunciado a falta de transparência na secretaria. Inclusive, o primeiro pedido de convocação de Washington Reis para prestar esclarecimentos na Alerj partiu do deputado Professor Josemar, também da oposição e da nossa bancada”, disse Yuri, na nota.
O parlamentar garantiu que a participação no evento foi pautada pelo respeito institucional e pelo diálogo promovido pela presidência da Alerj.
“Mesmo sendo um encontro majoritariamente da base, não houve problema algum em estarmos presentes (…). O presidente Bacellar tem tratado a oposição com respeito e transparência. Isso facilita nosso trabalho, pois conseguimos acompanhar com mais clareza os movimentos do governo”, pontuou.
Para Yuri, a presença de parlamentares da oposição em eventos dessa natureza “fortalece o papel fiscalizador da bancada e contribui para um ambiente político mais democrático”.
“Temos sido uma oposição responsável, atenta e comprometida com o interesse público. A condução da presidência da Alerj tem permitido esse espaço, e isso precisa ser valorizado e refletido”, concluiu a nota oficial enviada pelo líder da bancada do PSOL na Assembleia Legislativa.
COM VÍTOR D’AVILA