Na primeira eleição municipal da última década sem a presença de Marcelo Freixo em suas fileiras, o PSOL patinou nas urnas da capital carioca e se vê, justo ele, numa crise identitária.
Atual presidente da Embratur e agora filiado ao PT, Freixo caminhou ao lado de Eduardo Paes (PSD) e viu duas candidaturas que tiveram seu apoio conseguirem uma vaga na Câmara do Rio: a jovem Maíra do MST e Felipe Pires, sobrinho do ex-vice-prefeito Adilson Pires. Ambos, claro, petistas.
O Partido dos Trabalhadores conquistou mais votos que o PSOL — depois de mais de dez anos comendo poeira. No geral, foi o terceiro mais bem colocado nas urnas, com 207.581 (6,84%) votos na eleição proporcional para a capital, atrás do PSD de Paes, que amealhou 771.360 (25,42%), e dos 418.668 (13,8%) do PL de Bolsonaro e Ramagem.
O PSOL veio em quarto, com 207.380 (6,83%), graças em muito aos quase 30 mil votos do desconhecido Rick Azevedo, candidato que nem o próprio partido acreditava e foi o mais votado da legenda. O moço, inclusive, superou três atuais vereadores que conseguiram se reeleger — com menos votos do que o previsto — casos de Mônica Benício (25.382), William Siri (19.872) e Thais Ferreira (17.206).
Na eleição de 2020, o PSOL foi o segundo partido mais votado da cidade, com 289.102 mil — e, por pouco, não superando os 294 mil do Republicanos. Teve o desempenho muito à frente dos 117 mil do PT. Cenário parecido com o de 2016, quando os psolistas chegaram ao segundo turno com Freixo contra Crivella e tiveram 283 mil votos para a Câmara, contra 110 mil do PT, que ficou num então inimaginável nono lugar.
Neste ano, nomes tradicionais do PSOL, como os vereadores Paulo Pinheiro e Luciana Boiteux (que foi vice na chapa de Freixo à prefeitura) não conseguiram se reeleger, assim como Mônica Cunha. A bancada caiu de sete para quatro vereadores. A advogada Clarice Chacon, o nome do deputado federal Glauber Braga e do ex-deputado Milton Temer, outros expoentes do partido no estado, não se elegeu. O mesmo aconteceu com Emanuel Alencar, filho do também deputado federal Chico Alencar, fundador do partido, e que contou com apoio de nomes históricos, como Cid Benjamin.
A própria chapa que concorreu à majoritária desidratou ao longo da temporada. Vereador mais votado da cidade em 2020, com mais de 86 mil votos, superando até mesmo Carlos Bolsonaro, Tarcísio Motta optou pela chapa puro-sangue ao lado de Renata Souza, também bem sucedida em 2022 para a Alerj, onde foi a deputada mais votada da esquerda. Mas, juntos, tiveram apenas 4% (129.344 mil), menos que a própria Renata conseguiu na eleição passada, quando teve 174 mil.
O partido que, em nível nacional, tem Guilherme Boulos no segundo turno de São Paulo cada vez mais com um pé no PT, em nível estadual vê os votos secarem nas urnas. O único candidato com um certo nível de destaque é Yuri Moura, em Petrópolis, que chegou ao segundo turno na bacia das almas, não conta com a simpatia do partido, vide os escassos recursos do fundo partidário. E também não é dos mais identificados com o perfil psolista. Basta ver o material de campanha do moço: o amarelo e o vermelho deram lugar ao verde e amarelo. O Sol sumiu.
O PSOL que não abra o olho.