Na Avenida Presidente Antônio Carlos, em frente à Santa Casa da Misericórdia, um empreendimento ousado poderia ser uma potente alavanca na retomada do Centro do Rio — mas virou alvo de um entrave de proporções imperiais.
A ideia é construir, num terreno vazio que serve como estacionamento, um condomínio residencial, com lojas no térreo e, no meio, uma praça pública — o que abriria para o mundo a vista de uma das joias da arquitetura da cidade, hoje escondida por tapumes e muros.
Mas o projeto está há 11 anos patinando na burocracia.
Depende de uma autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan — que não é responsável pelo terreno, mas pelo prédio da vizinha Santa Casa.
Primeiro, o instituto quis preservar um muro — que, depois de perícia técnica especializada, ficou provado não ter valor histórico ou arquitetônico. Depois, exigiu mudanças na arquitetura dos prédios. Em seguida, alterações no afastamento entre as edificações. O fato é que, entre os diferentes empecilhos, já se passou mais de uma década.
E nada.
Empreendimento quer unir preservação e modernidade
A SIG Engenharia e a Performance, responsáveis pelo empreendimento, garantem que o projeto devolve dignidade ao conjunto histórico e arquitetônico da Santa Casa, porque une preservação, moradia e espaço público.
Além de criar uma alternativa que pode ser exemplo para a sobrevivência de outros patrimônios da cidade.
O projeto se encaixa ainda no espírito do Reviver Centro, programa da Prefeitura do Rio criado para revitalizar a região — iniciado a partir do porto, mas que ainda não chegou ao coração financeiro da cidade, como a Avenida Presidente Antônio Carlos.

Com a construção, a Santa Casa ganharia fôlego para a sobrevivência do prédio histórico no Castelo
Além de ter se beneficiado com a venda do terreno para a construção do empreendimento, a Santa Casa receberá unidades do residencial — um reforço financeiro importante para a instituição, que presta relevante serviço de assistência social.
Serão duas torres de apartamentos, com 82 metros de altura cada, alinhadas ao edifício do Ministério da Fazenda, que fica exatamente do outro lado da rua.

Segundo as empresas, o tamanho foi pensado para respeitar a paisagem da avenida.
A opção pelos estúdios segue a demanda dos consumidores nos lançamentos no Centro, que vêm sendo vendidos em tempo recorde. Foi o que ocorreu, por exemplo, com a Casa Mauá (no antigo Hotel São Francisco), e os empreendimentos que vão ocupar o Edifício Mesbla e a sede da Companhia Docas.
Estudo do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio) revela que cerca de quatro mil imóveis estavam abandonados no Centro, antes mesmo da pandemia do coronavírus, que agravou o esvaziamento. Desde então, vários empreendimentos surgiram para povoar a região. Mas o risco de ocupações irregulares ainda assombra o Centro.
A pergunta que está na mesa de discussões: este tipo de empreendimento, que liga as duas pontas do Centro, preservação e modernidade, não seria uma iniciativa capaz de viabilizar a manutenção e a sobrevivência dos bens tombados na região mais emblemática da cidade?
Com a palavra, o Iphan.


Como no Museu do Trem, no Engenho de Dentro, ou na estação da Leopoldina, sempre o IPHAN-RJ. Incrível
No RJ é sempre desse jeito… Atraso na vanguarda da cidade, muitas forças ocultas se infiltram em várias instituições cariocas e federais premeditadamente para precarisar as ações progressista da cidade. Desde o passado, com a transferência da capital sem planejamento, tanto administrativamente, quanto financeiro. Foi assim com a nossa Bolsa, enfim!
Precisamos do carioca raiz, que não se corrompa e pense na cidade com garra!
Studio não tem nada haver com repovoar o centro. Só aumenta valor do aluguel pq investem para alugar de Airbnb. Quando não tinha IPHAN fizeram aquela aberração no centro que é o Menezes Corte e aquele prédio anexo da Alerj.
Acredito no bom jornalismo. Cadê o contraditório? Cadê a versão do Iphan? Aguardando.
Por que o IPHAN é quem dá a última palavra??? Sou morador do centro do rj a mais de 70 anos.
Por que os órgãos que deveriam aprovar criam obstáculos???deixando rastros de sujeiras , viciados, prostituição, numa área que seria belíssima.
Me pregunto, não teria outro órgão superior ao IPHAN ???
Esse IPHAN sempre atrasando a vida de milhares de pessoas sem pensar no bem comum para a região
São as forças do atraso atravancando o avanço e a modernização do nosso país. É por causa delas que o Brasil é um país atrasado e subdesenvolvido.
IPHAN se metendo aonde não é chamado. Profissionais incompetentes e arrogantes nos seus achismos. Já tive que trabalhar com eles e eu fui um grande pesadelo.
Absurdo total essas torres dessa altura toda ! Vai acabar com o já combalido Centro vai transformar aquilo em uma enorme SELVA DE PEDRA, em um local que ainda preserva uma grande área sem construções monumentais! Espero que desçam isso para uns 40.mts no máximo
E bom q se pense antes de fazer atrocidades com a paisagem ali tem museus, vários prédios tombados. Melhor ter calma e avaliar bem a estética e meio ambiente , ergue um paredão interrompe fluxo de vento em todo centro, aquece mais ainda.
A galera achando q e iguana pra ficar nos 50 graus direto.
Muita calma com essa especulação imobiliária, pra não ter q demolir depois como fizeram com o viaduto.
Eu estava torcendo tanto pelo empreendimento até ver que são mais studios no Centro. Isso não dá qualquer garantia de que o empreendimento não se torne um pombal de AirBnb; muito pelo contrário, reafirma essa preocupação. Isso e nada são muito próximos para a dinâmica que o Centro depende para viver.
Parabéns ao Marcel e ao Lucas, que foram os únicos até esse momento a perceberem esse projeto absurdo, uma aberração dessas empresas que junto com o “paspalho” estão devastando e descaracterizando prédios históricos para entulhar de kitinetes o centro do Rio. O buraco do lume vem aí !!!
Morei no Centro durante uns 3 anos e realmente sou amante desse lugar. O Bairro do Castelo que tem um valor histórico-social incrível foi e é o mais afetado pelo esvaziamento. Como que a rua Graça Aranha não possui mais apartamentos residenciais? Local que viveu durante um bom tempo e até o fim da vida o grande Villa Lobos? Ou, a própria região da Cinelandia que não possui residências? É absurdo! Se tivesse grana compraria um apartamento na região do Castelo. Assim que passar para algum concurso vai ser a minha segunda meta. Caso ainda existir concurso no RJ…