O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, informou que 109 dos 117 mortos durante a operação nos complexos do Alemão e da Penha, na última terça-feira (28), já foram identificados. O número não inclui os quatro policiais que também morreram na ação. A declaração foi dada durante uma coletiva na Cidade da Polícia, ao lado do secretário estadual de Segurança Pública, Victor Santos.
De acordo com o governo, a operação buscava cumprir cerca de 100 mandados de prisão e 150 de busca e apreensão contra integrantes do Comando Vermelho (CV). Ao todo, segundo os secretários, 113 criminosos foram presos, sendo 54 com mandados em aberto, dez menores infratores e 33 vindos de outros estados. No entanto, apenas 20 mandados de prisão (20%) foram efetivamente cumpridos.
Curi diz que 78 mortos em operação tinham anotações criminais e 54 eram de outros estados
O secretário classificou os 117 mortos como “narcotraficantes”. Entre os 109 já identificados, ele afirmou que 43 tinham mandados de prisão pendentes e 78 possuíam anotações criminais, incluindo acusações de homicídio, tráfico de drogas e organização criminosa, entre outros crimes. Ainda segundo o secretário, 54 dos mortos eram de outros estados:
- 15 do Pará;
- 9 do Amazonas;
- 11 da Bahia;
- 7 de Goiás;
- 4 do Espírito Santo;
- 4 do Ceará;
- 2 da Paraíba;
- 1 do Mato Grosso;
- 1 de São Paulo.
Secretário volta a criticar medidas da ‘ADPF das Favelas’
Durante a coletiva, Curi também voltou a criticar o que chamou de “restrições às operações policiais”, em referência à chamada “ADPF das Favelas”. A medida federal estabelece regras para reduzir a letalidade policial em territórios do Rio. O secretário afirmou que tais limitações têm contribuído para o avanço do crime organizado e que o enfrentamento no estado “já não é mais um trabalho de polícia”.
“É importante que a legislação existente, muitas vezes desconectada da realidade, seja atualizada para que as polícias possam dar uma resposta à altura. Até porque o cenário que enfrentamos nessa operação, e que as polícias do Rio enfrentam diariamente, já não é mais um trabalho de polícia. Nenhuma polícia do mundo faz o que as do Rio fazem e enfrentam. O que vimos aqui é um cenário de guerra irregular, assimétrica”, declarou.
Integração entre os governos estadual e federal na retomada dos territórios do Rio
O secretário finalizou cobrando maior participação nacional no combate às facções criminosas no Rio: “Aproveito o momento para fazer essa reflexão e reforçar que é fundamental haver uma mobilização nacional no combate a essas organizações, que já não são mais apenas criminosas — são, sim, narcoterroristas. E precisam ser tratadas como tal.”
Sobre o plano de retomada dos territórios do Rio, feito por determinação da “ADPF das Favelas”, Victor Santos afirmou que ele deve ser entregue ao governo federal até 20 de dezembro.
‘A solução não é a ocupação. A solução é a retomada’
“Nenhum estado do Brasil tem condições de realizar, de forma permanente, ocupações dentro das favelas. Se pegarmos todo o efetivo e dividirmos pelas comunidades, daria apenas sete policiais por favela. A solução não é a ocupação. A solução é a retomada”, afirmou o secretário de Segurança.
No dia seguinte à operação, o governo anunciou a criação de um escritório emergencial de combate ao crime organizado no Rio. A decisão foi um desdobramento de uma reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.

 
			 
			 
                                 
                              
		 
		 
		 
		