Em uma noite do outono carioca, um passageiro presencia o seguinte diálogo entre dois taxistas, numa rua qualquer do Rio: “vai comer quem hoje?”, diz o motorista do carro ao lado. “Vou comer você”, responde o que está dirigindo o táxi onde está o passageiro. Em seguida, o cliente observa que há diversos livros com teor erótico no painel do veículo. A cena parece absurda, mas aconteceu, na noite do último dia 11 de junho, com um popular influenciador digital.
Pedro Certezas seguia para um bar a fim de comemorar a vitória de seu Botafogo contra o Fluminense no clássico, que aconteceu no Estádio Nilton Santos, quando presenciou o pitoresco papo entre os taxistas. Segundo o influenciador, os profissionais do transporte riram e seguiram suas respectivas corridas. No entanto, aqueles livros deixavam claro que não era apenas uma brincadeira gratuita entre os colegas. Aquele “vai comer quem hoje?” tinha um significado a mais.
“São coisas que só acontecem no Rio de Janeiro. A gente pegou um táxi saindo do estádio, indo para um bar. Um taxista perguntou para o nosso ‘vai comer quem hoje?’ O nosso taxista respondeu ‘vou comer você’, os dois riram e seguiu o baile. Quando a gente percebeu, havia vários livros escrito ‘Bastidores da Luxúria’ no painel. Aí o cara falou que já comeu muita gente nesse mundo. Ele simplesmente escreveu um livro contando a vida dele de gigolô e stripper pelo mundo”, divertiu-se Certezas.
Papo vai, papo vem, Certezas descobriu que o taxista era ninguém menos que Stefan Perli, mais conhecido por seu nome artístico Tony Prado. O moço é um profissional reconhecido no Brasil e em diversos países, mas não por suas habilidades ao volante. Prado atuou por mais de duas décadas como stripper. Naquela breve corrida, ele contou ao influenciador botafoguense algumas de suas aventuras em boates, além da enorme quantidade de pessoas com quem se relacionou sexualmente pelo mundo. Certezas, é claro, publicou o relato em suas redes e, até a manhã desta terça-feira (18), já contava com quase 18 mil compartilhamentos.
Quem é Tony Prado
O livro no painel do táxi é “Bastidores da Luxúria”, uma autobiografia escrita pelo próprio Stefan. Ou melhor, Tony. Na obra, cuja versão digital está à venda por R$ 12,99 na Amazon ou em mídia física, no Instagram @bastidoresdaluxuria, a R$ 49,99, ele conta como um rapaz franzino e sonhador de 21 anos, com a vida sossegada, namoro estável e emprego de carteira assinada se tornou o moreno alto, bonito e sensual sensação das casas de shows e motivo de desesperados gritos de mulheres que o desejavam.
“Sou do Rio, de Madureira. Quando comecei a atuar como Tony eu era bancário, em 1998. Meu pai queria que eu fizesse uma faculdade, mas eu queria era fazer meu dinheiro logo. Cursei ciências contábeis, mas eu não queria nada. Surgiu a oportunidade de trabalhar de caixa no Banco Real. Ganhei bem, comprei roupas boas, fiz academia, investi no corpo. Um belo dia, eu trabalhando, dois rapazes me convidaram para participar do Clube das Mulheres”, contou Prado.
O hoje taxista afirmou que fez um teste e foi aprovado logo de cara. No começo, conciliou a atividade com o banco, mas logo deixou o cargo na instituição financeira. O fato de ganhar mais dinheiro no novo emprego do que no banco e a enorme quantidade de mulheres a seus pés foram cruciais para a escolha. Ele conta que, ao longo de 20 anos no ramo, realizou fantasias de cinco mil mulheres anônimas, além de várias famosas da TV.
“Já me ofereceram até dinheiro para eu falar as pessoas com quem saí, mas não cito nomes. Certa vez, fiz uma despedida de solteira na Barra da Tijuca e tinha uma famosa que não reconheci na hora. Eu sempre oriento antes sobre como acontece o show. Tem uma parte em que eu, peladão, uso leite condensado e chantilly. As amigas estavam sem graça, mas a famosa chegou e foi de boca (risos)”, revelou o stripper.
Táxi e livro
Em 2010, Tony Prado aceitou o convite de um amigo para trabalhar como taxista, mantendo a atividade como stripper em paralelo, durante algum tempo. Nesse interim, as histórias de suas aventuras sexuais começaram a se popularizar na imprensa, fazendo surgir a ideia do livro. Esta se tornou realidade apenas em 2019, fruto do esforço do autor, que decidiu publicar a obra de forma independente.
“A boate onde eu trabalhava era na Praça XV, em frente à antiga Bolsa de Valores, de duas a três vezes na semana. Muitas vezes eu ia embora de táxi, tinha um ponto ali. Fiz amizade e um dos taxistas me chamou para trabalhar. Nisso, eu tinha o sonho do livro. Criei um relacionamento com pessoas da imprensa e alguns colunistas adoravam minhas histórias. Levei meu rascunho a editoras. Ofececeram R$ 5 por livro vendido, muito baixo. Então eu mesmo banquei a publicação”, acrescentou.
Hoje, alem de ser taxista, Tony Prado é corretor de imóveis. Todavia, engana-se quem pensa que ele abandonou os palcos. Esporadicamente, ele ainda faz uma apresentação ou outra. Por fim, Prado agradeceu a Pedro Certezas pela boa repercussão daquela corrida logo após o clássico entre Botafogo e Fluminense.
“O Certezas estava com dois amigos, comemorando a vitória do Botafogo, zoando o Fluminense e eu sou tricolor (risos). Dei três livros para eles. Quando vi, apareceu uma porrada de seguidor novo, gente querendo comprar. Agradeci a ele depois. Foi algo bem natural. Clima já estava de brincadeira durante a corrida, foi muito legal”, completou.