O governo Eduardo Paes (PSD) vem desidratando a Secretaria municipal de Habitação, comandada pelo grupo político do prefeito de Maricá, Washington Quaquá (PT), vice-presidente nacional da legenda e pai do titular da pasta, Diego Zeidan.
Segundo levantamento feito pelo gabinete do vereador Pedro Duarte (Novo), Paes está sendo implacável com a tesourada na Habitação, conforme mostra a execução orçamentária deste ano. Só no primeiro semestre, o orçamento da pasta foi reduzido em R$ 104 milhões (32% do total).
A Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025 previa R$ 346 milhões para a secretaria, mas o valor foi reduzido para R$ 242 milhões após a revisão feita pela gestão municipal.
A ação “Urbanização e Regularização Fundiária em AEIS”, voltada à formalização de assentamentos precários e favelas, sofreu um corte brutal: de R$ 255 milhões para R$ 141 milhões, com R$ 38 milhões passando a ser executado pela Secretaria Especial de Ação Comunitária.
O saldo final: R$ 76 milhões a menos do que o aprovado pela Câmara.
Relação conturbada com o PT
Uma turma que acompanha os passos de Paes com lupa acha que os cortes podem ser um efeito das relações bem-me-quer-mal-me-quer entre petistas e o prefeito.
Mas Pedro Duarte, que é presidente da Comissão de Assuntos Urbanos da Câmara, lembra que, nos últimos anos, a execução orçamentária da pasta vem sendo muito abaixo do orçamento disponível.
Em 2023, a Secretaria de Habitação teve um orçamento de R$ 336 milhões; e em 2024, de R$ 317 milhões. Em 2023, apenas R$ 147 milhões foram efetivamente utilizados, e em 2024, R$ 165 milhões.
No primeiro semestre de 2025, a secretaria executou R$ 82 milhões.
“Estamos falando de cortes profundos num cenário de crescente demanda por moradia pública”, critica Duarte.
Votação da Guarda armada esquentou clima
A relação entre o governo Paes e o PT estremeceu quando dois vereadores do partido — Maíra do MST e Leonel de Esquerda — assinaram uma emenda da oposição e impediram a primeira votação do projeto para regulamentar o armamento da Guarda Municipal — um dos mais caros ao quarto mandato de Paes.
Na ocasião, Quaquá, que é vice-presidente nacional do PT, foi a campo para responder o deputado federal e presidente do PSD, Pedro Paulo — que acusou o PT de não respeitar a aliança com o prefeito Eduardo Paes e o governo federal de não ajudar a Prefeitura do Rio.
“Eduardo Paes tem razão em cobrar fidelidade da bancada de vereadores do PT em votações fundamentais. Não tem sentido o partido ser governo e metade da bancada votar contra em um tema estratégico para o governo e a cidade. Mas é bom meu amigo Pedro Paulo diminuir sua arrogância porque essa eleição pra governador não será fácil pra ninguém. Ele não devia destratar e não tem autoridade pra bater publicamente no PT. Que ele nos respeite”, disse Quaquá, em postagem nas redes sociais.