Corre a lenda que os políticos recebem tantas mensagens, que acabam não lendo — e se transformam em pessoas quase incomunicáveis. Há relatos e mais relatos sobre casos reais. Um deles aconteceu com o líder do PL na Assembleia Legislativa, Anderson Moraes.
A liminar concedida, na última quarta-feira (17), pela 26ª Vara Federal do Rio, suspendendo todos os autos de infração aplicados em virtude do sistema Free Flow, conhecido como “pedágio sem cancela”, recentemente adotado num trecho da Rodovia Rio-Santos, nasceu numa audiência pública convocada por Moraes, presidente da Comissão de Economia, Indústria e Comércio da Assembleia.
Na audiência, o deputado mostrou a representantes do Ministério Público Federal, da Defensoria Pública da União e da Defensoria Pública do Estado do Rio que a concessionária não estava cumprindo uma série de obrigações previstas em lei federal. E foi com base no que viram lá que os três órgãos entraram com a ação que resultou na anulação das multas.
Daí que, no início de abril, o procurador federal que ajuizou a ação mandou uma mensagem ao deputado, perguntando se ele queria assinar o processo como co-autor.
Mas, no meio de tantas mensagens, o moço não conseguiu ver. Não respondeu.
E ficou de fora da ação judicial que ele mesmo ajudou a criar — e dos louros que acabou não colhendo por isso.
Léo Vieira (Republicanos) também engoliu mosca com a história do pedágio sem cancela. Em outubro, ele havia entrado com representação no MPF contra o sistema. Mas a resposta para o e-mail do gabinete, já com a ação civil públlica, passou batida.