Nos últimos anos, a Pequena África, região que inclui os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo, na zona portuária do Rio, deu um novo fôlego ao turismo carioca. A região recebeu em 2023, mais visitas do que o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar, segundo levantamento da Secretaria de Turismo da Prefeitura do Rio.
O “apelido” que batiza a área foi dado pelo pintor Heitor dos Prazeres, por ser historicamente um território habitado majoritariamente por pessoas negras, e guardar em cada pequena parte, muito da herança africana no Rio de Janeiro. Para além dos turistas, até mesmo os próprios cidadãos da cidade maravilhosa, estão redescobrindo a história da cidade, através do circuito Pequena África.
Como fazer o Circuito Pequena África
Entre os pontos mais indispensáveis da região, estão o Cais do Valongo, o Cemitério dos Pretos Novos e a Pedra do Sal, cuja histórias estão intimamente ligadas ao tráfico de escravizados, à diáspora africana e ao nascimento do samba. O Cais do Valongo foi o principal ponto de desembarque e comércio de africanos escravizados nas Américas. O sítio foi revelado em 2011, durante as escavações arqueológicas desenvolvidas para o projeto Porto Maravilha. Em 2017, a Unesco incluiu o local na lista do patrimônio cultural mundial.
O Cemitério dos Pretos Novos, por sua vez, foi a região em que os africanos recém desembarcados no Valongo, que não resistiam às péssimas condições da travessia e morreram antes de serem vendidos, foram sepultados. O Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN) é responsável pela conservação desse patrimônio, e promove no local, exibições de arte, cursos, oficinas culturais e visitas guiadas pela Pequena África.
Já a Pedra do Sal é reivindicada como um quilombo urbano, local de resistência e de referência para festas públicas e eventos. São especialmente famosas as rodas de samba semanais, nas noites de segunda e sexta-feira. Bem perto, está o popularmente conhecido Largo da Prainha, no pé do Morro da Conceição. O largo e seus arredores possuem diversos bares e restaurantes, com intensa vida diurna e noturna. No centro da “Prainha” está a estátua de Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Ainda é possível — e altamente recomendável — visitar o Museu da História e da Cultura Afro-brasileira e a Casa da Tia Ciata. O Museu possui um acervo de cerca de 2,5 mil itens, entre pinturas, esculturas e fotografias, além de trabalhos de artistas plásticos contemporâneos, que dialogam com o território da Pequena África. A Casa da Tia Ciata, é um centro cultural dedicado à preservação da memória da matriarca do samba Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata. A Casa apresenta uma exposição com a trajetória da sambista, e organiza uma visita guiada pelos principais pontos na Pequena África ligados ao nascimento do samba no Rio.