Os prefeitos eleitos e reeleitos nos 92 municípios fluminenses completaram, recentemente, 15 dias de governo, após tomarem posse no dia 1º de janeiro de 2025. O início de uma nova gestão costuma provocar diferentes questionamentos entre os eleitores, que acompanham com lupa os primeiros 100 dias de governo para ver se suas expectativas estão sendo atendidas.
Durante esse período, as demandas da população ficam mais latentes e os governantes tentam mostrar a que vieram. Nessa esteira, o reitor do Ibmec-RJ, doutor em Administração pela Universidade de Bordeaux, mestre em administração, Especialista em Finanças e Tecnologia, Samuel Barros, analisou de que formas o início de uma nova gestão impacta nas impressões do eleitor.
TEMPO REAL: De que formas uma mudança de governo interfere nas impressões da população?
Samuel Barros: As mudanças em um governo podem interferir de diversas formas nas impressões da população; as mais comuns estão relacionadas às mudanças ou ao fortalecimento de expectativas. Ao mudar o governo, a população está fazendo uma aposta em algo diferente do que estava, desejando que ajustes sejam feitos para melhorar o bem-estar social daquela população. Tradicionalmente, os primeiros 100 dias de um governo são acompanhados com mais atenção pela opinião pública e com mais tolerância a erros em casos de novos governantes. Em casos de reeleições, essa tolerância a erros é menor; no entanto, após esses 100 dias, o desgaste pode ser muito acelerado se o governo não apresentar resultados rápidos.
TR: Atualmente, quais são as principais demandas da população para com os governantes?
SB: Em grandes cidades, as demandas continuam as mesmas de outrora: questões relacionadas à segurança, logística de transportes urbanos, educação, saúde e assistência social. É notório que essas demandas, em diversos pontos, se confundem com competências de diversas esferas de governo. Mesmo em eleições municipais, questões relacionadas a obrigações estaduais, como a segurança, são itens que a população avalia e aponta como relevantes para os prefeitos. Em cidades menores, as demandas mais apontadas são as de segurança, saúde e geração de empregos locais.
TR: Com o advento das plataformas digitais, está mais fácil o eleitor acompanhar o trabalho do governante?
SB: As cidades que utilizam as plataformas digitais como meio de apresentar resultados tendem a ter uma maior proximidade com o cidadão. Da mesma forma, ficou mais fácil para o cidadão cobrar ações do poder público e correções. Iniciativas como o Colab e outras ferramentas de gestão e comunicação ativa entre os governos e a população são ações que ajudam os governantes a atender às demandas reais da cidade e à população a cobrar dos governos resultados concretos.
TR: No caso da cidade do Rio, quais são as principais demandas da população e de que forma o eleitor pode acompanhar o trabalho do prefeito?
SB: Na cidade do Rio de Janeiro, é possível observar uma grande preocupação com a segurança. Questões associadas à revitalização de partes da cidade do Rio, como o Centro, também são assuntos relevantes para o município, assim como questões relacionadas ao transporte público, que está em processo de adoção de ferramentas e tecnologias diferentes do restante do estado na busca por maior transparência na bilhetagem eletrônica. A prefeitura do Rio possui canais como o portal da transparência, os sistemas de processos, a própria secretaria de comunicação e as redes sociais oficiais da prefeitura.
TR: No que diz respeito a prefeitos reeleitos, quais são as demandas mais destacadas?
SB: Questões de ordenamento urbano, segurança, saúde e educação são pontos comuns nas discussões com prefeitos reeleitos ou em seu primeiro mandato.
TR: Ainda existe aquela tendência de prefeitos reeleitos tomarem medidas mais impopulares, visto que não podem se candidatar novamente em seguida?
SB: Prefeitos reeleitos têm maior “aval” da população para serem um pouco menos populares; assim, podemos observar que existem condições para que tenham ações que, na busca por resultados futuros, provoquem algum transtorno temporário. Essas medidas são mais comuns em reconduções do que nos primeiros mandatos.