Pessoas pretas e pardas que moram no Rio têm 4,5 vezes mais chances de serem mortas pela polícia do que brancos. A informação é da pesquisa “Pele Alvo”, lançada nesta quinta-feira (06) pela Rede de Observatórios da Segurança. De acordo com o levantamento, nos últimos seis anos, as forças de segurança do estado foram responsáveis pela morte de 7.319 pessoas; na maioria dos casos, as vítimas eram negras.
Só no ano passado, dos 703 casos de morte por intervenção policial no estado, cerca de 86,1% tiveram negros como vítimas. Mais de 97% delas, por sua vez, eram do sexo masculino. A pesquisa leva em conta dados divulgados pela Lei de Acesso à Informação (LAI). Episódios ocorridos em 2025, incluindo a operação policial que matou 121 pessoas na Penha e no Alemão, não foram contabilizados no levantamento.
Capital concentra maior parte dos casos de mortos pela polícia
A maior parte dos casos acontece na Região Metropolitana – mais especificamente, na capital, que concentra 48,2% dos episódios de mortes em ações policiais. As Zonas Oeste e Sudoeste são onde esse tipo de episódio mais acontece. Dos seis bairros com dez ou mais vítimas de letalidade policial em 2024, quatro ficam por lá: Taquara, Bangu, Tanque e Praça Seca. Os quatro bairros também são conhecidos pela forte atuação de facções ou milícias.

Além da cor da pele, a faixa etária também costuma ser a mesma na maioria desses casos. 51,6% das mortes por intervenção das forças de segurança tiveram jovens de 18 a 29 anos como vítimas. Para o coordenador de pesquisa da Rede de Observatórios, Jonas Pacheco, a tendência indica uma espécie de padrão na postura da polícia fluminense.
“No campo da segurança pública, o racismo e a política de segurança se consolidaram como um par de atração magnética. A cada novo dado, o Brasil repete a mesma tragédia: o Estado mata com base em critérios raciais. Não se trata de desvio, mas de um padrão,” destaca o pesquisador.
Rio segue tendência nacional de letalidade policial
Os números no Rio são parecidos com a média nacional. A pesquisa aponta que, em 2024, policiais mataram 4.068 pessoas em nove estado, incluindo o Rio. Desse total, 3.066 vítimas eram negras – ou seja, 86,2%. Dos nove estados pesquisados, a Bahia foi o mais violento no ano passado, com 1.556 mortes por letalidade policial. Nos últimos seis anos, esse tipo de violência subiu 139,4% no território baiano.
Além de Rio de Janeiro e Bahia, a pesquisa também analisa dados de Amazonas, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí e São Paulo. Todo o levantamento se baseia em dados oficiais, divulgados pelo próprio governo através da LAI.

