O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) realiza, nesta terça-feira (12) a Operação Jammer 2, contra a exploração de sinal clandestino de internet e televisão, ou “gatonet”, da milícia de Ronnie Lessa e Suel, o Maxwell Simões Corrêa. Os dois estão presos pelas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Agentes do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) prenderam três integrantes da quadrilha e cumpriram sete mandados de busca e apreensão. Os agentes encontraram munição com um dos detidos e material para fazer as ligações ilegais com outro preso.
Nesta fase, o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ) denunciou à Justiça seis pessoas pelo crime de organização criminosa voltada à exploração de gatonet. As investigações revelaram recolhimentos de pagamentos feitos pelos seis denunciados, repassados para Suel, e saldo de conta no valor de R$ 234.345,34.
A denúncia demonstra a relação dos criminosos com o líder da quadrilha, por meio de uma conversa na qual um deles lamenta o aumento de pena imposta a Suel pela obstrução de Justiça relacionada ao caso Marielle Franco e Anderson Gomes. Nas mensagens, Suel é tratado como “patrão” pelos acusados.
Os mandados foram expedidos pelo Juízo da 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa são cumpridos em Rocha Miranda, Honório Gurgel e Irajá. A operação desta terça-feira conta com o apoio da DC-Polinter e do 9º Batalhão de Polícia Militar (Rocha Miranda) e da Delegacia de Serviços Delegados (DDSD).
Jamer I
A primeira fase da operação, deflagrada em agosto de 2023 em conjunto com a Polícia Federal, revelou que o dinheiro arrecadado na exploração dos serviços criminosos na Zona Norte foi utilizado para o pagamento do advogado de Élcio Queiróz. Ele é denunciado pela participação no crime que matou Marielle e Anderson.
A Jammer I revelou que o advogado de Élcio foi escolhido por Ronnie Lessa e era pago por Suel, com o dinheiro da exploração de “gatonet”. Segundo os investigadores, Suel também ficou responsável por prestar ajuda financeira para a família de Élcio, com “o evidente objetivo de evitar que ele rompesse com os comparsas e viesse a se dissociar de Ronnie em sua tese defensiva ou, ainda, voluntariamente auxiliar a Justiça, seja confessando os fatos, seja figurando como réu colaborador”, de acordo com denúncia oferecida à Justiça na primeira fase.
A primeira fase da operação Jammer demonstrou que, desde 2018, Suel e Ronnie estruturaram uma “Gatonet” em Rocha Miranda, Colégio, Coelho Neto e Honório Gurgel. Na configuração inicial da organização criminosa, Suel é descrito “dono” e agia como sócio-administrador. Ao seu lado, Ronnie Lessa assumiu a posição de sócio-investidor, injetando dinheiro nos negócios escusos em troca de participação nos lucros.
“Lessa se valia de sua (má) fama de matador profissional e, consequentemente, do temor infligido aos possíveis inimigos, bem como de seus contatos com setores corruptos das polícias, para auxiliar Suel no controle dos bairros em que o serviço era oferecido”, narra trecho da denúncia que deu origem à operação Jammer.