O Ministério Público Eleitoral cumpriu mandados de busca e apreensão nas residências de cinco suspeitos de compra de votos, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Eles fariam parte do grupo de Sérgio Accioly dos Santos, o Dinho Resenha (Republicanos), preso em agosto deste ano pelo crime cometido nas eleições de 2020. Entre os alvos da operação de hoje está Aramis Rodrigues dos Santos, atual secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de Belford Roxo.
O MP esteve também nas residências de Luiz Alexandre Torres Soares, que seria coordenador de campanha de Dinho, Andreia Romão Oliveira, Jorge Warley da Costa. A operação, batizada como Dupla Falta, foi um desdobramento da prisão do candidato, quando os promotores apreenderam celulares. Neles, encontraram conversas entre os suspeitos, que teriam se organizado para, mais uma vez, tentar favorecer a campanha de Dinho nas eleições deste ano. Mesmo preso, ele continuava candidato até o início de setembro, quando a 154ª Zona Eleitoral indeferiu o seu registro.
Numa conversa com Andreia, Dinho dizia ter R$ 300 mil para a compra de votos. Cada eleitor, segundo um outro diálogo encontrado nos telefones, receberia R$ 100 se ele fosse eleito. Quem trabalhasse na boca de urna também ganharia R$ 100. Dinho estava filiado ao Republicanos, partido do prefeito Wagner Carneiro, o Waguinho. Os promotores também dizem que o ex-candidato a vereador, agora preso, tinha vários cargos na Prefeitura de Belford Roxo.
A análise do celular de Dinho também confirmou o vínculo do candidato com o traficante Geraro, morto recentemente em confronto com a polícia militar.
Esquema desvendado
Dinho Resenha foi preso no fim de agosto, quando ele e outras três pessoas foram alvo de uma operação das promotorias eleitorais de Belford Roxo. Segundo a denúncia que motivou a ação, o grupo teria se associado para comprar votos nas eleições municipais de 2020.
A 154ª Promotoria Eleitoral, que denunciou Dinho por associação criminosa e corrupção eleitoral, apresentou uma série de acusações contra o candidato, incluindo envolvimento com o tráfico de drogas.
Segundo o Ministério Público, o esquema foi desvendado após a apreensão e análise do celular de um dos envolvidos presos durante a Operação Patrinus, deflagrada em maio de 2024.
Mensagens encontradas nos aparelhos apreendidos indicaram que o candidato a vereador e os demais alvos negociavam valores para a compra de votos e elaboravam planos para fraudar as eleições de 2024.
Diante dessas evidências, o MP solicitou a prisão preventiva dos envolvidos, incluindo Dinho Resenha, e o pedido foi aceito pela Justiça, com mandados de prisão expedidos.
Decisão da Justiça Eleitoral
Em virtude da denúncia oferecida pelo MPE, o Juízo da 154ª Zona Eleitoral destacou que, embora a situação do pré-candidato não se enquadre nas causas de inelegibilidade previstas na Lei Complementar nº 64/90, a gravidade das acusações e a decretação de sua prisão preventiva tornam inadequado o deferimento do registro de candidatura.
O magistrado fundamentou sua decisão no artigo 14, §9º, da Constituição Federal, que permite a ampliação dos casos de inelegibilidade em situações excepcionais, especialmente quando envolvem candidatos associados a organizações criminosas, tráfico de drogas ou milícias.