Era o verão 1980, e o jornalista Fernando Gabeira horrorizou os militares no poder e a sociedade conservadora do Rio. Certa vez, ele queria ir à praia e não tinha sunga. Pegou uma tanga de crochê no armário de sua prima e partiu Posto Nove. A ousadia gerou manchetes e a foto, só comparável à da barriga de grávida da atriz Leila Diniz ao sol, marcou época.
E qual é o estilo da estação mais quente do ano, agora em 2025, exatos 45 anos depois? Pelo menos no Rio, o crochê voltou com tudo e se consolidou como uma das principais tendências para o verão deste ano, especialmente no universo da moda praia.
Natália Pereira, de 22 anos, vendedora de peças em crochê em Niterói, na Região Metropolitana, compartilha sua experiência e as preferências que têm dominado as encomendas de seus clientes.
“Neste verão, as meninas têm procurado bastante peças para usar na praia, como calças de saída, vestidinhos leves, shortinhos, e os biquínis também têm tido muita procura, principalmente desde o BBB que teve a Jade Picon”, conta Natália.
As bolsas de crochê também se destacam, complementando os looks de verão. Além das roupas, Natália observa que há uma crescente demanda por peças para decoração, como tapetes e jogos americanos, um reflexo do desejo de personalização também nas casas.
A busca deve aumentar no carnaval
Para o carnaval, a expectativa é de que o crochê ganhe ainda mais destaque nas fantasias e acessórios, com muitos clientes já fazendo encomendas de tops e croppeds para o feriado.
Natália, que no ano passado criou um perfil no Instagram (@crochenatalinda) para divulgar seus projetos, já observa o aumento das encomendas e acredita que o crochê seguirá sendo uma forte tendência não só no verão, mas também durante o carnaval.
Amor por crochê
A relação de Natália com o crochê começou de forma inusitada, em 2020, durante a pandemia.
“Eu estava em casa, sem muito o que fazer, e comecei a procurar um hobby para me distanciar das telas. Fui atrás de tutoriais de crochê no YouTube, inspirada por casacos de tricô que o Harry Styles usava e que começaram a ser reproduzidos no TikTok”, relembra.
O crochê, inicialmente um passatempo, logo se transformou em uma forma de gerar renda extra, com encomendas de clientes que se encantaram pelas suas peças.
“Para mim, o crochê sempre foi um passatempo muito bacana. Esse tipo de artesanato faz muito bem para a mente, alivia a ansiedade e não tem nada mais legal do que você ter uma linha e uma agulha na mão e, depois de algumas horas, ter uma peça pronta, feita por você mesma. Agora, virou uma forma de ganhar um dinheirinho extra”, afirma.