O terceiro mandato de Washington Quaquá (PT) no comando de Maricá está atravessando um período de tiro, pancadaria e bomba — e, claro, uma calmaria de vez em quando.
Um dos pomos da discórdia é o Fundo Soberano, criado pelo ex-prefeito Fabiano Horta (PT) como uma espécie de poupança de royalties de petróleo. Ainda na campanha, Quaquá já havia anunciado a intenção de usar recursos do fundo. O argumento é de que dinheiro não deve ficar parado, mas ser investido. Entre os investimentos possíveis, citou até a aquisição da SAF do Vasco da Gama.
Acontece que mexer nos quase R$ 2 bilhões da poupança pode não ser tão simples. Embora o petista tenha maioria na Câmara, é preciso combinar com os russos. Ou melhor, com os vereadores.
O presidente da Casa, Aldair de Linda (PT), por exemplo, já declarou ser contra. Mas, depois de alguma bateção de cabeça, gravou um vídeo, na última sexta-feira (23), ao lado do prefeito. Na gravação, postada nas redes sociais, Quaquá anuncia que, juntos, ele e o presidente da Câmara, farão “as obras de Oscar Niemeyer, piscinas de onda, resorts”. “O que vai gerar de empregos qualificados em Maricá…”, disse.
À imprensa local, Aldair havia dito que o Fundo Soberano é uma segurança para o futuro da cidade. “Eu acho que nós temos que continuar avançando sem exceder gastos, sem exceder projetos faraônicos”. Dias depois, coincidentemente — ou não — foi publicada a troca de comando da autarquia Serviço de Obras de Maricá (Somar), a mais importante da cidade, dona de um cofre de R$ 900 milhões.
Quaquá demitiu o arquiteto Francisco Lameira — que fora indicado por Aldair.
Desentendimentos em série
Não foi a primeira confusão da atual gestão. Quaquá também tem criticado o antecessor, Horta.
Em troca, o ex-prefeito não deu o ar de sua graça no lançamento da candidatura do homem a presidente nacional do PT (já retirada) e nem declarou seu apoio nas redes sociais.
Quaquá pede autorização para empréstimos
Na última segunda-feira (19) a Câmara de Maricá aprovou, em primeiro turno, a autorização para a prefeitura contrair dois empréstimos com a Caixa Econômica Federal, de R$ 42 milhões e R$ 117 milhões.
O único voto contrário foi do oposicionista Ricardinho Netuno (PL), que apontou a incoerência da administração municipal — ao anunciar a intenção de abrir mão de R$ 300 milhões em royalties em favor de São Gonçalo, enquanto vai pegar dinheiro emprestado a juros.
A eleição de 2026 como pano de fundo
O dinheiro move o mundo — mas a política acelera o movimento. Por trás das tretas entre Quaquá e Aldair de Linda, tem, claro, uma disputa pré-eleitoral.
O prefeito, que deve eleger o filho Diego Zeidan presidente estadual do PT agora em junho, tem uma nominata para chamar de sua, tanto na disputa pela Câmara dos Deputados quanto pela Assembleia Legislativa. Diego é o pré-candidato número um, a deputado federal. Daí o estresse com Fabiano Horta, que pretende correr na mesma raia que o rebento de Quaquá.
Mas é na briga pela Assembleia que a porca torce o rabo.
Maricá já conta hoje com os deputados estaduais petistas Zeidan, ex-mulher de Quaquá; e Renato Machado, ex-presidente da Somar. Na cidade, dão como certo que o mandachuva ainda vai querer eleger a atual mulher, Gabriela Siqueira, com quem é casado desde 2024.
Vai daí que Aldair de Linda está lançando o seu filho, Alisson.
Definitivamente, Maricá é pequena demais para tantas cabeças coroadas…