Este carnaval não foi mesmo como aqueles que passaram. Pouquíssimos políticos arriscaram um desempenho de passista improvisado pela pista da Sapucaí — pondo fim ao tradicional desfile de “autoridades” na avenida. Talvez por medo de vaia. Talvez pelo corte das credenciais imposto pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). Talvez por não ser ano eleitoral.
Mas o fato é que o povo foi bem mais discreto em 2025.
Camarotes oficiais foram menos disputados
Nos principais camarotes oficiais da Marquês de Sapucaí — do governo do estado e da Prefeitura do Rio — o movimento de entra e sai diminuiu muito, quando comparado ao ano passado.
É que os mais espertos preferiram ver os desfiles em outros pontos do Sambódromo.
O secretário municipal de Ordem Pública, Brenno Carnevale, por exemplo, fugiu para o Arpoador. O secretário estadual de Turismo, Gustavo Tutuca, para o espaço reservado para a Cedae no Quem/O Globo.
Os dois camarotes, aliás, foram escolhidos os principais points dos políticos.
Com direito a 110 convites por dia, a elite do Palácio Guanabara bateu ponto no Quem — o próprio governador Cláudio Castro (PL) deu pinta por lá. No Arpoador, o secretário estadual de Planejamento e Gestão, Adilson Faria, tinha até um reservado.
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), deu uma passadinha nos camarotes do governo do estado e da prefeitura. Mas fincou raízes mesmo num bom espaço destinado a ele na frisa do Arpoador. O Pará foi inspiração (e patrocinador) do enredo da Grande Rio — e o moço só deixou o posto de observação quando foi para a pista desfilar com a escola de Caxias. Mas, depois, voltou.

Pré-candidatíssimo a governador no ano que vem, o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar, submergiu. Não postou uma única foto da folia. Preferiu divulgar as imagens ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro; do ministro do Turismo, Celso Sabino; e dos mandachuvas Antônio de Rueda (União Brasil) e Ciro Nogueira (PP).
Quase uma pajelança — mas em Angra dos Reis. E já na Quarta-Feira de Cinzas.

Segurança agressiva na Sapucaí
A restrição de credenciais foi levada ao extremo. A vereadora Talita Galhardo (PSDB) tentou cumprimentar o presidente da Riotur, Bernardo Fellows, na concentração.
Sem nem ultrapassar o perímetro permitido, foi cercada por nada menos que dez seguranças.
“Para que isso?”, perguntou a moça sobre a reação desmedida. “Se fosse com homem, não fariam isso”.
Ela não foi a única. Tanto na concentração, quando na dispersão da Sapucaí, o tom da segurança foi bélico.

Reduto da esquerda
A turma da esquerda preferiu, claro, o camarote Favela, do prefeito de Maricá e vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá. Passaram por lá, entre outros, o coordenador nacional do Movimento dos Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, e a ex-deputada Marília Arraes (PSB).
Quem não deu o ar de sua graça por lá foi… o próprio Quaquá. Mais “low profile”, impossível.
As exceções
O governador Cláudio Castro (PL) e o prefeito Eduardo Paes (PSD), e os mais próximos, claro, deram pinta na pista da Sapucaí. Mas Paes, depois de ter invadido o desfile da Imperatriz e quase ter criado um incidente grave na apresentação do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, ficou pianinho nos outros dias. Desfilou na sua Portela e olhe lá.
Disse o prefeito que foi o carnaval mais organizado que ele viu.
Os políticos estão aí como prova.
