Uma homenagem às mais de 700 mil vítimas da pandemia da Covid-19 será erguida no campus da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Manguinhos, na Zona Norte do Rio. O memorial tem o objetivo de mostrar às futuras gerações o que foi o período e o que ele representou.
O novo memorial simboliza também as mudanças na vida cotidiana desencadeadas pela pandemia e a importância de se valorizar a ciência. O projeto será escolhido por meio de concurso público realizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ). Foram computadas 92 inscrições, 88 dela enviaram os projetos dentro do prazo estipulado, já encerrado.
O resultado será anunciado no próximo dia 21, com homologação e premiação dos três primeiros colocados, que receberão valores entre R$ 8 mil e R$ 20 mil, O vencedor deverá desenvolver o projeto, que terá custo total R$ 1,5 milhão, a ser pago pela própria Fiocruz.
A previsão é que a pedra fundamental seja lançada no dia 5 de agosto. Ainda não há uma data definida para a entrega da obra, que deverá ser erguida numa área de 2,5 mil metros quadrados, situada num espaço arborizado à esquerda de quem entra pelo portão principal da Avenida Brasil, onde há um lago e um chafariz
Segundo o diretor da Casa de Oswaldo Cruz — instituto adjacente à Fundação, Marcos José Pinheiro, o projeto faz parte de um movimento que ocorre mundialmente, de monumentos que visam relembrar memórias difíceis, sensíveis ou traumáticas. Esses espaços não oferecem uma mera alusão, mas uma rememoração crítica acerca do contexto em que ocorreram:
“A percepção muda de acordo com a pessoa e se transforma no tempo. Com certeza, as gerações futuras, que visitarão o memorial, vão ter percepções distintas daqueles que vivenciaram o fato. Isso é importante para a gente não deixar passar em branco e ter esse espaço para a reflexão, celebração e encontro das pessoas que viveram intensamente tudo isso”.
O edital ofereceu liberdade para criação artística aos concorrentes, mas recomendou que não houvesse personalização com nomes das vítimas, referências religiosas ou exaltação à instituição que encomendou o memorial, que será erguido num local com áreas tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), o que acarretou uma série de restrições de ordem física.
A análise dos projetos ficará a cargo de um júri composto por cinco arquitetos e urbanistas, além de uma historiadora e uma médica. Todos os sete integrantes vão se reunir presencialmente nesta semana, no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ), para concluir a avaliação dos trabalhos apresentados.