No Dia Nacional do Funk, festejado neste sábado (12), o Museu do Amanhã abre uma exposição que usa a tecnologia para criar um baile futurista por meio de ilustrações e também traz o funk para além da música — como um estilo que influencia na arte e na moda a partir da reflexão de territórios.
A exposição “CyberFunk —Tecnologias de uma cidade ritmada” relaciona arte e negritude. A mostra ocupa o Laboratório de Atividades do Amanhã (LAA), no Museu do Amanhã, até 3 de novembro, reunindo obras de jovens artistas e escritores. A curadoria é de Pedro Pessanha.
O objetivo é apresentar uma realidade marcada pelas relações entre a cidade do Rio de Janeiro e as tecnologias da diáspora negra. A mostra é apresentada pelo Santander Brasil, em parceria com o artista-curador, e agora ocupa o espaço localizado no átrio do Museu do Amanhã.
Em sua pesquisa e trabalho artístico, Pedro Pessanha pensa em um baile funk como espaço de criação. Nele, surge uma diversidade de sons, de expressões corporais e de coreografias, além de ser um ambiente onde florescem estéticas próprias.
Ele crê na pista do baile como, sobretudo, um marco territorial de onde nascem tecnologias hackeadas a partir das hegemônicas e se configuram reflexões sobre a cidade e possibilidades de futuros.
Em CyberFunk, o universo do funk não se resume à música – embora seja parte indissociável dele. O paredão sonoro é a linha que costura a arte expressa em diferentes formatos, como a moda e a ilustração, com a reflexão sobre territórios.
Os artistas e escritores são convidados para dialogar com o movimento CyberFunk e, unidos, compõem o baile imaginário e futurista proposto por Pedro Pessanha, que desenvolveu uma série de ilustrações digitais para a exposição.
“CyberFunk te convida a escutar as tecnologias que permitem com que nossos tambores continuem marcando a paisagem sonora da cidade. Projetamos as cores de um encontro antigo com maquinário novo. Como os ritmos que inventamos hoje vão ressoar no tempo?”, escreve Pedro Pessanha.
Colaborações e reflexões
Os artistas colaboram com essas reflexões, cada um à sua maneira. No som, o coletivo de música e agência criativa Escola de Mistérios convida a DJ Vicx para contribuir com a instalação sonora, com uma oficina de produção musical.
Já o projeto musical Africanoise colabora com o EP CyberFunk, parte da instalação sonora presente na exposição. Ainda nesse eixo temático, a exposição conta com um ensaio inédito do jornalista, curador e pesquisador musical GG Albuquerque, que defende: “Nas pretitudes sônicas da diáspora negra, o pensamento é parte do movimento da vida”.
“É uma alegria receber Cyberfunk, que traz olhar e reflexões originais sobre futuros. O Museu do Amanhã deseja ser sempre local de encontro das mais diversas perspectivas, e agora abre espaço para jovens artistas, músicos e pesquisadores que retratam som, moda e territorialidade a partir de um Rio de Janeiro futurista.”, afirma Fabio Scarano, curador do Museu do Amanhã.
Compondo o time de pensadores sobre territorialidade estão Gean Guilherme, idealizador da 2050, laboratório de arte e tecnologia do morro Santo Amaro, no Rio de Janeiro; e Obirin Odara, pesquisadora e idealizadora da página ‘Não Me Colonize’.
Já no time dos artistas da moda estão Bernardo Pormenor – criador da marca “Pormenor” na Zona Norte carioca – que contribui com uma peça exclusiva; e Rachel de Oliveira Vieira, pesquisadora de moda e comunicação, que colabora com um texto inédito sobre as relações entre moda e a construção de identidade.
Relacionando-se com o tema central do ano no Museu, que trata em suas programações as “Inteligências”, CyberFunk é a segunda exposição de 2024 apresentada pelo Laboratório de Atividades do Amanhã, espaço de experimentação, inovação e prototipagem em arte, ciência e tecnologia do Museu do Amanhã apresentado pelo Santander Brasil.
A exposição pode ser visitada de terça a domingo, das 10h às 17h. Ingressos: online ou na bilheteria do Museu do Amanhã.