O corpo do fotojornalista Evandro Teixeira, ícone da fotografia brasileira e internacional, será velado na Câmara dos Vereadores do Rio nesta terça-feira (05), das 9h às 12h. As portas do centenário Palácio Pedro Ernesto estarão abertas para o último adeus a um dos gênios da fotografia. Foi justamente na Cinelândia que Evandro fez uma das suas imagens históricas: a da Passeata dos Cem Mil, em 1968.
Biografia
Evandro Teixeira nasceu em 25 de dezembro de 1935 em Irajuba, Bahia, e construiu uma carreira marcada pela documentação de momentos decisivos na história do Brasil e do mundo. Iniciou sua trajetória no “Diário de Notícias” em Salvador, ele consolidou seu nome no “Jornal do Brasil”, onde atuou por quase cinco décadas. Com seu olhar sensível e ao mesmo tempo contundente, Teixeira tornou-se conhecido por registrar cenas de grande impacto social e político, especialmente durante a ditadura militar brasileira.
Entre suas imagens mais emblemáticas estão os registros da Passeata dos Cem Mil, em 1968, quando milhares de pessoas tomaram as ruas do Rio de Janeiro em um dos maiores protestos contra o regime autoritário. Teixeira soube captar não só a magnitude da manifestação, mas também a força e a emoção das pessoas que compunham o movimento. Seu trabalho sempre transcendeu o ato de fotografar, mostrando o contexto e o espírito da época.
No cenário internacional, Teixeira esteve no Chile em 1973, durante o golpe militar que derrubou o presidente Salvador Allende, e documentou a morte do poeta Pablo Neruda. Suas fotos desse período são consideradas documentos históricos, não só pela qualidade técnica, mas pela maneira como revelam o impacto humano e as tensões políticas vividas naquela época.
Evandro Teixeira publicou diversos livros ao longo de sua carreira, sendo “Canudos: 100 Anos” e “68 Destinos” alguns dos mais marcantes. Suas obras registram, além de eventos históricos, a vida cotidiana e a cultura brasileira, sempre com uma estética e profundidade que iam além da simples reportagem.
O fotojornalista faleceu aos 88 anos em decorrência de complicações de uma pneumonia. Evandro deixa um legado inestimável para o fotojornalismo e para a memória visual do Brasil, sendo lembrado por sua habilidade em transformar cada imagem em uma narrativa que ecoa até hoje.