O empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 45 anos, foi encontrado morto por vizinhos em estado avançado de decomposição, no sofá de seu apartamento, no Engenho Novo, Zona Norte do Rio. A suspeita é sua namorada, Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, tenha cometido o crime por motivos “econômicos”, após Luiz ter desistido de uma formalização de união estável. A partir disso, ela teria colocado em prática o plano de execução para roubar seus bens.
Ele havia sido visto pela última vez no dia 17 de maio, quando uma câmera de segurança do prédio mostrou Luiz acompanhado de Júlia. Nas imagens, por volta das 17h04, o casal aparece no elevador do prédio com duas cervejas e um prato em mãos. Eles descem até a portaria e retornam 40 minutos depois. Às 17h46, o casal aparece novamente no elevador já sem as cervejas, mas ainda com o prato. Nesse prato estaria um brigadeirão, que teria sido envenenado por Júlia com 50 comprimidos moídos de analgésico.
Júlia teria passado dois dias convivendo com o cadáver, a fim de disfarçar o plano do roubo. Quando o corpo foi encontrado, no dia 20 de maio, havia uma marca na cabeça, indicando que Luiz teria sido golpeado naquela área. De acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML), ele teria morrido entre três e seis dias antes de ter sido encontrado. A causa da morte foi inconclusiva.
O caso está sendo investigado pela 25ª DP (Engenho Novo). Nesta quarta (29) os policiais prenderam em Cabo Frio, na Região dos Lagos, uma cigana suspeita de ser comparsa do crime. Suyane Breschak, de 27 anos, atuava como mentora espiritual de Júlia e reforçou em depoimento a hipótese do envenenamento, confessando também que Júlia era garota de programa e possuía uma dívida de R$ 600 mil com ela. Foi por conta desse débito que ela teria decido participar do crime, cuja finalidade era pegar os bens da vítima.
A polícia acredita que o crime tenha sido premeditado: Júlia dopou Luiz e, em determinado momento, decidiu matá-lo para executar seu plano de pegar os bens dele para vender, contando com a ajuda de Suyane.
Segundo ela, Luiz já sabia que sua namorada era garota de programa, pois foi assim que a encontrou. Os três se conheciam há cerca de 10 anos. A cigana informou que Júlia passou os dias 18 e 19 de maio trabalhando para esconder o corpo do empresário e disfarçar o cheiro: usando lençóis e cobertores para enrolar o cadáver; além de ligar o ventilador em na direção do sofá e lavar o apartamento com água sanitária, porque já havia “até um urubus na janela”.
O delegado Marcos Buss, responsável pelo inquérito, classificou o caso como “aberrante” e de “extrema frieza”. Segundo ele, a motivação do crime foi “econômica”. Luiz e Júlia estavam em processo de formalização de uma união estável, mas, em determinado momento, a vítima teria desistido, o que enfureceu Júlia.
A suspeita foi flagrada pelas câmeras de segurança no dia 19, colocando objetos no carro da vítima e saindo em seguida. Nesse mesmo dia, ela retornou sem o carro, que teria sido vendido em Cabo Frio pelo valor de R$ 75 mil. No dia 20, às 13h, ela é vista deixando o prédio com duas malas.
O comprador do veículo, identificado como Victor Ernesto de Souza Chaffin, foi abordado pelos policiais e apresentou um documento escrito à mão, que ele disse ter sido assinado por Luiz, transferindo o bem. Com ele também foram encontrados o celular e o computador da vítima. Victor foi preso em flagrante por receptação. Foi a partir de sua prisão que os agentes chegaram até Suyane.
Suyane possui mais de 700 mil seguidores nas redes sociais, onde se vendia como uma “cigana legítima de berço”, realizando trabalhos espirituais, chegando a cobrar R$ 1 mil por uma “amarração do amor”. Nesta quinta (30), a audiência de custódia determinou a manutenção de sua prisão.
Júlia prestou depoimento dois dias após o corpo ter sido encontrado, e afirmou que Luiz estava bem e havia feito café da manhã para ela. A jovem teria ido embora após uma briga com o namorado. Ela é considerada foragida. O Disque Denúncia publicou um cartaz pedindo informações sobre seu paradeiro.
De acordo com o primo de Luiz, Bruno Luiz Ormond, de 50 anos, a mãe do empresário não aprovava o relacionamento de seu filho, a quem chamava de “Marcelinho”, com Júlia. O primo conta que ela se aproximou da vítima após o falecimento de seus pais da vítima, durante um momento de fragilidade. Ele era tido como um homem reservado, e não possuía irmãos e nem filhos.
Bruno diz que o empresário não era rico, ele recebia pensão por invalidez após ter perdido o movimento de um dos braços, por ter sido baleado durante um assalto; e vivia da renda de aluguel de três apartamentos que herdou: um no Engenho Novo, um no Méier e outro na Ilha de Paquetá. Ele afirma que Júlia levou do apartamento joias e outros itens de valor, como um relógio, além de uma arma, que segundo ele era legalizada.