No Dia Nacional do Samba, sambistas e líderes do movimento negro farão manifestação logo mais, às 18h, na tradicional Praça Paulo da Portela, em Oswaldo Cruz, pedindo a intervenção do prefeito Eduardo Paes (PSD), de vereadores e deputados com colégios eleitorais concentrados na área, para a retirada de uma placa afixada no pedestal sobre o qual está o busto do fundador da maior campeã do carnaval carioca.
A placa faz parte do projeto “Caminho do Samba em Oswaldo Cruz”, da Embratur, e traz o nome da Feira da Yabás e um QR-Code, por meio do qual as pessoas podem acessar um mapa com dez importantes endereços do samba na região. O projeto será lançado nesta segunda, na quadra da Portela, e é o primeiro passo da “Rota do Samba”, criado pela agência federal com o objetivo de apresentar a cariocas e turistas a conexão de vários bairros do Rio com o baticumbum que vai muito além da Marquês de Sapucaí.
O roteiro de Oswaldo Cruz destaca pontos como a Casa Candeia, o Bar do Seu Nozinho, a Casa da Tia Doca, Dona Neném do Bambuzal e o Circo São Jorge, além da Estação de Oswaldo Cruz, a Portela, a Feira das Yabás, a Portelinha e a Casa da Dona Esther. Cada um deles vai ganhar a placa com o QR-Code.
O movimento contrário à placa tem, entre os seus líderes, parentes do próprio Paulo da Portela, além de integrantes do respeitado coletivo local Quilombo Agbara Dudu e de sambistas do Buraco do Galo — cofundadores, aliás, do Trem do Samba, atualmente sob o único comando de Marquinhos do Oswaldo Cruz. A discussão sobre a origem e os legítimos criadores do Trem já dura mais de duas décadas e aparece como pano de fundo para a protesto marcado para esta segunda-feira.
Um manifesto foi preparado para o ato, que contará ainda com a participação de baluartes da Portela e do Império Serrano, insatisfeitos com o desrespeito à memória do maior expoente da azul e branca de Oswaldo Cruz. Além da retirada da placa, no documento consta o pedido de construção de um novo monumento que dignifique a memória de Paulo da Portela, bem como a não interferência de políticos nos eventos a serem realizados na praça. Há histórico de vereadores e deputados que impedem, com o aval da subprefeitura da Zona Norte, a execução de projetos culturais de não aliados políticos.