O comum na política é um prefeito em segundo mandato fazer o sucessor. Mas alguns alcaides do estado fugiram à regra: não conseguiram eleger seus pupilos e terão que dar adeus, de verdade, ao comando da cidade a partir de 1° de janeiro de 2025.
A derrota tida como quase pessoal foi a do prefeito de Barra do Piraí, Mário Esteves (MDB), que emprestou seu nome a Dione Caruzo, rebatizado de Dione do Mario Esteves (MDB). A participação do prefeito na campanha do apadrinhado foi tanta que o Ministério Público Eleitoral pediu restrições à participação de Mário nos atos porque o prefeito parecia ser o “verdadeiro candidato“.
Apesar do esforço, Mário vai ter que passar o bastão a outro grupo político. Diones perdeu para Katia Miki (Solidariedade), que obteve 36,77% dos votos (18.000). O candidato de Mário Esteves ficou em segundo, com 31,81% da preferência do eleitorado (15.570).
Em Paracambi, na Baixada Fluminense, a prefeita Lucimar Ferreira (PL) não mediu esforços para eleger a presidente da Câmara, Aline Olília (PL), como sucessora. De forma nada discreta, até pintou os números da candidata nas camisas de atletas, desenhados no mural de um ginásio reformado e reinaugurado no período eleitoral. Não adiantou.
Por uma diferença de quase oito mil votos, Aline perdeu para Andrezinho Ceciliano (PT). O deputado estadual mais jovem da Alerj obteve 64,11% dos votos válidos, enquanto a candidata da prefeita ficou com 33,98%.
Quem também vai ter que “passar a faixa” para um estranho será o prefeito de Paraty, Luciano Vidal (MDB). Ainda que sem ter tido o apoio integral de aliados, ele insistiu em lançar a ex-Secretária de Saúde e ex-primeira-dama, Carla Lacerda (MDB).
Diante do relacionamento dos dois, a Justiça Eleitoral entendeu que a eleição de Carla configuraria um terceiro mandato e ela foi às urnas sub judice. Mas os eleitores não precisarão esperar recurso no TSE: escolheram Zezé Porto (Republicanos) como futuro prefeito dando a ele 14.235 votos (54,20%), enquanto a candidata à sucessão de Vidal recebeu 9.999 votos (38,07%).
Em Teresópolis, Vinicius Clausen e o governador Cláudio Castro apoiaram Alex Castellar (PL), mas deu Leonardo Vasconcellos (União). Castellar, com 12.114 votos, só não chegou em último porque teve Beique San, do PSOL, com 3.161.
Ainda na Baixada Fluminense, o prefeito de São João de Meriti, Doutor João, não conseguiu levar o seu candidato, Valdecy da Saúde, nem ao segundo turno. Depois de uma retotalização dos votos, Léo Vieira (Republicanos), foi oficialmente dado como eleito na última sexta-feira.
E em Belford Roxo, o prefeito Waguinho até brigou na Justiça para ter o direito de usar o seu nome na urna, com o sobrinho Matheus “do Waguinho” (Republicanos). Convenceu os desembargadores, mas esqueceu de combinar com os eleitores: com 155.229 votos, a vitória final foi de Márcio Canella (União).
Pelo menos aos atuais chefes vão ter um tempo de transição para acostumar com a ideia de perda de poder para, em janeiro, passar o bastão.